Campanha de Nunes tenta manter serenidade e reforça apelo por voto útil contra Marçal
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O lema na campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) é tentar buscar serenidade em meio ao viés de alta de Pablo Marçal (PRTB) captado pelo Datafolha e reforçar o apelo por voto útil contra a esquerda diante da alta rejeição do influenciador.
A campanha de Guilherme Boulos (PSOL), por sua vez, demonstra confiança com a oscilação positiva.
A três dias da eleição, a pesquisa aponta um cenário embolado no primeiro turno para a Prefeitura de São Paulo, com Boulos registrando 26% dos votos, contra 24% de Nunes e Marçal. Os três estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Na comparação com a semana passada, Nunes oscilou três pontos para baixo (tinha 27%), Boulos teve oscilação positiva (tinha 25% e variou um ponto para cima) e Marçal, que estava em terceiro lugar, com 21%, manteve a curva ascendente, com variação positiva de três pontos, igualando-se ao índice do atual prefeito.
Na campanha de Nunes, o discurso é manter a calma, pois a oscilação ocorreu ainda dentro da margem de erro e não foi captada em pesquisas internas.
Além disso, Marçal atingiu uma rejeição de 53%, o que poderia inviabilizar sua vitória contra Boulos no segundo turno. Por isso, a ideia é martelar que o único jeito de impedir o psolista de assumir é votar no atual prefeito.
O cenário de indefinição até a reta final é resultado do acirramento das últimas semanas, com Nunes e Marçal disputando o eleitorado à direita e ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Boulos em estabilidade, mas com dificuldade para avançar entre eleitores do presidente Lula (PT), seu apoiador e incentivador da nacionalização da eleição paulistana.
Marçal conseguiu o apoio de bolsonaristas de peso como os deputados Nikolas Ferreira (PL) e Ricardo Salles (Novo) e terá vantagem nas redes sociais em uma reta final sem propaganda eleitoral na TV e no rádio.
Nunes buscará fazer valer sua vantagem na rua, com um batalhão de candidatos a vereador que o apoiam. Pela manhã, antes da divulgação da pesquisa, Nunes afirmou que os deputados bolsonaristas que declararam apoio a Marçal "têm desvio de caráter".
"Em todo lugar, vai ter pessoas que têm desvio de caráter, têm dificuldade com a lealdade. O bom disso é que você vai separando, como dizem, o joio do trigo. Alguém que está no PL, que foi eleito só por causa do presidente Bolsonaro, e não seguiu uma indicação dele, acho que demonstra um desvio de caráter bem grave. E a população percebe, já aconteceu em outros momentos com outros deputados e a gente viu no que deu", disse.
Nunes negou que a migração dos bolsonaristas tenha relação com a distância que Bolsonaro manteve da sua campanha e lembrou que o ex-presidente esteve na convenção emedebista, o que já teria sido foi suficiente para declarar seu apoio "de forma muito contundente".
Já a equipe de Marçal não comentou o resultado da pesquisa.
Com a disputa entre Marçal e Nunes, a situação na campanha de Boulos é de tranquilidade e um discurso de que é preciso manter a mobilização.
Em nota, o psolista ressaltou a oscilação positiva da rejeição de Nunes (em dois pontos, chegando a 23%) e o aumento da de Marçal (em cinco pontos, chegando a 53%).
No segundo pelotão, Tabata Amaral (PSB) confirmou o descolamento de José Luiz Datena (PSDB). A deputada do PSB oscilou para cima e agora chega a 11% na estimulada (tinha 9%), enquanto o apresentador tem 4% (antes marcava 6%, em empate técnico com a deputada).
A parlamentar se insurgiu nos últimos dias contra as pressões por voto útil na esquerda, após manifesto de artistas e intelectuais defender o apoio a Boulos para evitar um segundo turno "trágico", com dois bolsonaristas, Nunes e Marçal. Tabata apela às rejeições na tentativa de se mostrar ainda no jogo.
Marina Helena (Novo) manteve os 2%.
A equipe de Tabata reagiu com otimismo ao seu melhor resultado no Datafolha. Pela primeira vez, a deputada federal passou a frequentar a casa dos dois dígitos. A distância para os líderes, no entanto, ainda é considerável.
Para amenizar a desvantagem, Tabata escora no percentual de indecisos: 18% contabilizados no levantamento desta quinta.
"Tudo está em aberto. O que o Datafolha de hoje está mostrando é aquilo que a gente vem falando: as pessoas estão decidindo na última hora, ainda há muita mudança. Só no sábado teremos um pouco mais de certeza", afirmou Tabata em nota.
A equipe de Datena não comentou o resultado até a publicação deste texto -ele oscilou negativamente dois pontos, ficando com apenas 4%.
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