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David Almeida diz em sabatina Folha/UOL que Manaus fez dever na Covid e se esquiva de Lula-Bolsonaro

Por Folha de São Paulo

16/08/2024 16h45 — em
Política



RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - Candidato à reeleição à Prefeitura de Manaus, David Almeida (Avante) afirmou, nesta sexta-feira (16), que quer focar questões da cidade em sua campanha. A declaração foi dada ao ser questionado, em sabatina Folha/UOL, sobre a polarização nacional entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Bolsonaro e Lula não são candidatos em Manaus. Estamos falando de quem vai cuidar da cidade. Estou buscando tratar a eleição dessa forma, sobre as questões locais. As questões nacionais fiquem para daqui a dois anos", disse ele, que, em 2022, apoiou a reeleição de Bolsonaro.

"Defino-me como um candidato de centro-direita, sou cristão, evangélico, conservador, mas respeito todas as correntes ideológicas e agradeço muito ao presidente Lula, que tem ajudado muito a cidade de Manaus", acrescentou o prefeito, que tem o apoio de aliados do presidente, como os senadores Eduardo Braga (MDB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM).

O prefeito justificou a sua ausência no debate da Band para a prefeitura alegando que, se tivesse ido, "ia entrar em uma discussão em que só seria atacado".

Ele afirmou estar aberto a debates sobre "propostas e benefícios para Manaus".

O candidato criticou o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, por, segundo o prefeito, ter tomado medida contra a Zona Franca de Manaus.

"O ex-ministro Paulo Guedes editou uma portaria em que acabou com a Zona Franca numa sexta de Carnaval. Eu discordei, mesmo apoiando o presidente Bolsonaro. Discordei veementemente do ministro, porque meu partido é o Amazonas, e minha defesa é dos interesses de Manaus. E não me arrependo."

David Almeida garantiu que, se for reeleito, cumprirá o segundo mandato integralmente e não sairá da função para ser candidato a governador em 2026.

Sobre a crise do oxigênio em Manaus durante a pandemia de Covid, o prefeito disse que os problemas não aconteceram em unidades de saúde do município e disse que a prefeitura "fez o dever de casa".

"De toda aquela imagem, nenhuma foi em estrutura da Prefeitura de Manaus. A rede estadual não estava preparada para elevação dos casos de Covid e consumo de oxigênio. (...) Fomos a cidade do mundo que mais sofreu com a pandemia", disse. "Não aplicamos protocolo precoce, seguimos a ciência e assim superamos aquele momento difícil", afirmou David, sobre a atuação da rede municipal de saúde.

Ele comentou o rompimento político com o governador Wilson Lima (União Brasil), que apoia em Manaus o candidato Roberto Cidade (União Brasil). Em 2022, o prefeito apoiou a reeleição do atual chefe do Executivo estadual, mas agora não teve a contrapartida política.

"Ele [Wilson Lima] não me deve nada, o compromisso que tive com ele foi por Manaus. Ele cumpriu parte do compromisso, falta cumprir o restante. Ele decidiu apoiar um candidato do partido dele, não vejo problema nenhum, porém é uma eleição de dois turnos, e quem sabe a gente não pode conversar num futuro próximo."

Sobre as queimadas, David Almeida disse que o governo federal e o governo estadual "não fazem a sua parte". A cidade mais populosa da Amazônia voltou a ser tomada, na segunda (12), por ondas de fumaça provenientes de queimadas, nove meses depois de a capital de 2 milhões de moradores passar pelo mesmo processo de deterioração da qualidade do ar, na seca extrema de 2023.

"Isso é um avanço do desmatamento. Se não tomar uma medida preventiva, chegando aos produtores e às pessoas que moram nos municípios, vamos ter problemas ano a ano", disse David.

David Almeida também prometeu ampliar o número de guardas municipais da cidade e disse que a prefeitura faz o possível para contribuir com a redução da violência.

"Quando assumimos, a Guarda Municipal não era armada. Armamos, equipamos e estamos fazendo um concurso público para que a gente possa contratar este ano mais 200 guardas e colocar mais 500 no cadastro reserva e, com isso, a guarda municipal que já armei, vamos chegar a 580 guardas para que possa resguardar os terminais de ônibus, transporte rodoviário, mercado de feiras no centro para dar mais tranquilidade para a Polícia Militar atuar, disse.

Sobre a cobertura de saneamento básico, o candidato à reeleição disse que a concessionária que comanda a área garantiu que Manaus terá 45% de cobertura de esgoto no próximo ano e, até 2033, chegará a 90%.

Para a mobilidade, o candidato do Avante prometeu a criação de viadutos e alargamentos de avenidas. "Temos algumas áreas com semáforos inteligentes e a meta, caso reeleito, é abrir algumas avenidas interligando algumas zonas de Manaus para que esse trânsito possa escoar."

Na habitação, David Almeida frisou que a meta é "conseguir anualmente 4.700 moradias por ano nos próximos quatro anos pelo Minha Casa Minha Vida" num eventual novo mandato.

A sabatina foi conduzida por Raquel Landim, com participação dos repórteres Carlos Madeiro, do UOL, e João Pedro Pitombo, da Folha.

David Almeida é bacharel em direito. Ele foi deputado estadual por três mandatos seguidos, de 2007 a 2019. Em 2017, quando era presidente da Assembleia Legislativa do estado, foi governador interino por 149 dias. Foi eleito à prefeitura em 2020 e, agora, busca a reeleição.

Além dele, outros dois postulantes foram convidados. Na terça-feira (13), foi a vez do ex-deputado federal Marcelo Ramos (PT). O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) seria sabatinado na quinta-feira (15), mas cancelou a participação.


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