BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), designou o líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (BA), para ser relator do projeto de lei complementar que regulamenta a execução das emendas parlamentares.

Líderes ouvidos pela reportagem afirmam que esse é um gesto de Lira, numa tentativa de se reaproximar de Elmar. Eles dizem que esse é um projeto importante para o Congresso e, portanto, dará visibilidade ao líder do União Brasil.

A proposta busca apresentar uma solução para o imbróglio das emendas parlamentares, que estão paralisadas por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), e gerou mais um capítulo do embate entre Congresso e Judiciário.

O Supremo determinou que a paralisação durasse até que o Legislativo editasse novas regras da liberação dos recursos de forma transparente e rastreável.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. A prioridade do Congresso, porém, é atender seus redutos eleitorais, e não as localidades de maior demanda no país.

A proposta que Elmar irá relatar foi acordada entre Legislativo e Executivo e tem o respaldo de integrantes do Supremo. A previsão é que ela seja votada nesta segunda-feira (4) no plenário da Câmara.

Elmar rompeu com o presidente da Câmara, com quem mantinha estreita relação de amizade, após ter sido preterido por ele no processo de eleição da presidência da Câmara.

No começo das negociações em torno da sucessão de Lira, Elmar era considerado o favorito a receber a chancela do presidente da Casa, mas foi preterido e viu seu aliado de primeira hora apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB).

Com isso, Elmar rompeu com o presidente da Câmara e se aliou ao líder do PSD, Antonio Brito, considerado o nome mais governista entre os postulantes ao cargo. Eles tentaram atrair o PT e o governo afirmando que criariam um bloco governista, sem a participação do PL de Jair Bolsonaro.

Na semana passada, no entanto, PT e PL anunciaram apoio a Motta. O União Brasil também deverá apoiar o deputado do Republicanos na disputa. Elmar sinalizou que poderá desistir de concorrer à eleição e abriu frente de diálogo com o líder do Republicanos para tratar dessa adesão. Ele afirmou a jornalistas que "já começou perdendo" nesse processo, porque perdeu quem considerava ser o seu melhor amigo.

"Nesse processo, eu já comecei perdendo, perdi um amigo que eu considerava o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira, o resto para mim é lucro", disse Elmar.

Na semana passada, Elmar também criticou o ex-aliado em reunião com a bancada do PT e, ao final, disse à imprensa que Lira atuou nos dois primeiros anos de mandato como presidente da Câmara e "líder do governo Bolsonaro".

Elmar ainda não apresentou seu parecer. Um integrante do governo afirma, sob reserva, que a escolha do deputado para ser relator da proposta foi bem recebida, já que ele colaborou com a agenda econômica prioritária do Executivo nas votações.