PF segue Polícia Civil e confirma que é falso laudo usado por Marçal contra Boulos
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal confirmou ser falso o laudo usado por Pablo Marçal (PRTB) para tentar associar o deputado Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína.
A Polícia Civil de São Paulo já havia chegado à mesma conclusão no sábado (5), após confrontar assinaturas do médico José Roberto de Souza com a que aparece no documento falso atribuída a ele.
Peritos da PF também avaliaram a assinatura e constataram divergências com a original.
De acordo com o laudo fraudulento atribuído à clínica Mais Consulta, Boulos teria sido atendido em janeiro de 2021 na unidade do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, em surto psicótico.
O documento falso também aponta que o acompanhante do agora candidato do PSOL teria levado um exame toxicológico que apontaria a presença de cocaína no sangue do atual deputado.
A Polícia Civil de São Paulo comparou sete documentos assinados pelo médico com a assinatura usada no laudo falso divulgado por Marçal.
"É falsa a imagem da assinatura em nome do médico 'JOSÉ ROBERTO DE SOUZA"', lançada no receituário objeto de exame, descrito no capítulo "Peça de Exame", posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados nos documentos descritos no capítulo "Padrões de Confronto", diz o documento.
O Instituto de Criminalística também apontou problemas também na documentação de Boulos citadas no documento falso.
O documento também afirma que "foi verificado que o número do Registro Geral (RG) relacionado ao Paciente "GUILHERME CASTRO BOULOS" possui um dígito adicional, sendo observados dois dígitos verificadores em vez de somente um, que é o padrão estabelecido para a Carteira de Identidade expedida pelo Governo do Estado de São Paulo".
O papel foi apresentado por Marçal na sexta-feira em vídeos e postagens no qual fez referência à existência do laudo falsificado.
Ainda no sábado pela manhã, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, chamou determinou a pronta exclusão de vídeos publicados nas plataformas Instagram, TikTok e Youtube fazendo referência ao um documento.
A Justiça Eleitoral mandou derrubar as contas do Instagram de Marçal -uma delas foi suspensa pela manhã, na sexta, mas mais tarde o então candidato criou outra, que foi novamente derrubada.
No sábado (5), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), também determinou que Marçal prestasse esclarecimentos no prazo de 24 horas sobre publicações feitas na rede social X, plataforma que foi suspensa pelo magistrado, de acordo com relatório da PF.
A PF enviou ofício ao Supremo no qual informa ter identificado intensa atividade do perfil de Marçal na rede a partir do dia 2 de outubro. As publicações incluíram a reprodução de imagens do laudo falso.
Segundo o ministro a conduta, em tese, caracteriza abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação, "sendo grave a afronta à legitimidade e normalidade do pleito eleitoral". Para Moraes, o caso também pode acarretar na cassação do registro ou do diploma e inelegibilidade, conforme decidido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O magistrado pediu que o caso fosse remetido ao TSE.
Um dos advogados de Marçal, Paulo Hamilton, afirmou à Folha que até a noite deste domingo (6), o ex-candidato ainda não havia sido notificado da decisão, portanto, ainda não estava em curso o prazo para ele responder ao STF.
Marçal foi derrotado na disputa pela Prefeitura de São Paulo neste domingo após registrar 28,14% dos votos, contra 29,07% de Guilherme Boulos (PSOL) e 29,48% de Ricardo Nunes (MDB).
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