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PSD, MDB e PP lideram em doações de pessoas físicas na eleição

Por Folha de São Paulo

02/10/2024 8h45 — em
Política



SALVADOR, BA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Partidos de centro-direita como PSD, MDB, PP são os que mais receberam doações de pessoas físicas nestas eleições, aponta levantamento da Folha de S.Paulo junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No somatório das doações feitas diretamente aos candidatos e aquelas feitas aos diretórios nacional, estaduais e municipais dos partidos, o PSD lidera com R$ 84 milhões em doações de pessoas físicas. Na sequência, aparece o MDB, com R$ 78,8 milhões e o PP com R$ 56,5 milhões.

Ao todo, as doações de pessoas físicas somam R$ 643,5 milhões, sendo 89% deste valor (R$ 577,8 milhões) destinados diretamente para os candidatos e o restante para as legendas. A análise considera dados do TSE atualizados até sexta-feira (27).

Os valores ainda serão atualizados, já que os candidatos podem receber doações até o segundo turno. Na eleição municipal de 2020, o valor final de doações de pessoas físicas foi de R$ 1,2 bilhão.

A maior parte dos recursos vem de grandes doadores. Nesta eleição, o principal deles foi Rubens Ometto Silveira Mello. O bilionário do grupo Cosan, que atua nos setores de energia, óleo e gás, agronegócio e mineração, doou R$ 15,7 milhões, sendo R$ 1 milhão diretamente ao MDB.

O valor é mais que o triplo dos R$ 4,1 milhões desembolsados pelo segundo colocado no ranking, José Ricardo Rezek. Ele é fundador do Grupo RZK, que atua nos setores de energia, telecomunicação e tecnologia.

Empresas foram proibidas de doar para campanhas em 2015, mas empresários continuam fazendo doações eleitorais milionárias como pessoas físicas.

Em 2016, Alexandre Grendene— co-fundador da empresa calçadista Grendene— foi o maior doador individual, com R$ 4,3 milhões. O bilionário não fez doações nesta eleição, mas o seu irmão e sócio, Pedro Grendene, doou R$ 560 mil.

Ometto assumiu a liderança do ranking de maiores doadores em 2018, quando somou R$ 7,5 milhões em recursos direcionados a diversos partidos e candidatos, incluindo João Doria (então no PSDB) e Onix Lorenzoni (PL).

Dentre as doações de pessoas físicas, o PSD de Gilberto Kassab foi o que partido que mais recebeu recursos doados diretamente ao partido. Foram R$ 16,1 milhões repassados aos diretórios, que escolhem qual campanha receberá o recurso na ponta.

Foi nesta modalidade que o partido recebeu R$ 1 milhão do empresário Antonio Setin, que atua no setor de construção e incorporação, via diretório nacional. Por meio do diretório estadual, o PSD recebeu R$ 1 milhão de Francine Prado Kallas, ligada ao Grupo Cedro, que atua no setor de mineração.

Partidos que protagonizaram as eleições presidenciais e que possuem as maiores fatias do fundo eleitoral, o PL e o PT aparecem mais atrás nas doações de pessoas físicas. O partido de Jair Bolsonaro recebeu R$ 45,8 milhões e o partido do presidente Lula conseguiu R$ 39,2 milhões.

O PL, que é detentor da maior fatia do fundo eleitoral neste ano (R$ 888,7 milhões), recebeu apenas R$ 3,3 milhões em doações diretas ao partido. O maior valor, R$ 250 mil, foi doado para a direção municipal de Sinop (MT) por Roberto Dorner, que concorre à reeleição na prefeitura da cidade pelo próprio partido.

Manoel Conde Neto, presidente da Farma Conde, e Rubens Ometto Silveira Mello também se destacam entre as maiores doações diretas à legenda, com R$ 200 mil cada.

O PT recebeu R$ 1,9 milhão em doações diretas ao partido, na qual se destacam R$ 250 mil repassados por Carlos Laranjeira, ex-sócio da construtora OAS. O mesmo valor foi repassado pelo advogado Paulo Erico Moraes Gueiro.

A maior doação de uma pessoa física para campanhas do PT veio de Maria Paula Lanat Suarez. Ela é esposa de Carlos Suarez, empresário que foi um dos fundadores da empreiteira OAS e atua nos setores de gás e imobiliário.

A empresária fez doações que somam R$ 910 mil, sendo R$ 810 mil para a campanha de Luiz Caetano (PT), candidato a prefeito de Camaçari, e R$ 100 mil para Carlos Tito (PT), que concorre à Prefeitura de Barreiras. As duas cidades são entre as prioridades do PT baiano nas eleições deste ano.

Suarez é conhecido por sua influência no meio político da Bahia. Há uma semana, sua filha Isabela Suarez recebeu uma comenda da Assembleia Legislativa em um evento concorrido, que reuniu o prefeito Bruno Reis (União Brasil) e o vice-governador e candidato a prefeito Geraldo Júnior (MDB).

A campanha de Luiz Caetano também recebeu recursos de diretores de empresas ligadas a Suarez, conforme dados da Receita Federal. Paulo Celso Guerra Lage fez uma doação de R$ 500 mil e Luiz Alberto Benevides Barbosa doou R$ 190 mil.

Lage também doou R$ 480 mil para o PP de Salvador, legenda liderada por Cacá Leão, secretário de Governo da gestão de Bruno Reis.

Dentre as doações feitas aos diretórios partidários, destaca-se o nanico DC (Democracia Cristã), que recebeu R$ 1,9 milhão. Deste total, R$ 740 mil foi para o DC em Salvador, liderado por Igor Domingez, que era secretário particular de Bruno Reis na prefeitura.

Doaram recursos para o partido Marcio Barata Diniz, que atua no setor de energia, o banqueiro Ângelo Calmon de Sá e João Gualberto Vasconcelos, que foi deputado federal pelo PSDB e atua nos setores imobiliário e de supermercados.

Outros R$ 450 mil foram para o diretório de Rondonópolis (MT), em doação do empresário Odílio Balbinotti Filho, produtor de soja e apoiador de Bolsonaro. Os recursos foram distribuídos entre candidatos a vereador do partido. Ao todo, ele doou R$ 2,4 milhões para diversos candidatos e legendas.

Em uma rede social, ele defendeu as doações para eleger prefeitos e vereadores de direita em 2024: "Continuarei a doar, de forma cristalina e dentro da legalidade, o que for possível, inclusive conclamo a todos que dentro das suas possibilidades que contribuam com seus candidatos", disse.

Mesmo com o volume milionário de doações feitas por pessoas físicas, o grosso das campanhas eleitorais é financiado pelo fundo eleitoral, que teve valor recorde de R$ 4,9 bilhões em 2024. Composto por dinheiro público, passou a valer nas eleições de 2018. Na eleição municipal de 2020, foi de R$ 2 bilhões.


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