TRE pede tropas federais para evitar ação de facções em eleições no RN
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O TRE solicitou o envio de tropas federais para coibir a possível interferência de facções criminosas nas eleições em dois municípios do RN. O pedido cita a suspeita de ligação do crime organizado com grupos políticos às vésperas do 1º turno, que ocorrerá no próximo domingo (6).
TRE do RN cita garantia do livre exercício do voto e normalidade da votação. Em sessão plenária na segunda-feira (30), a procuradora Clarisier Morais disse que relatórios obtidos pelo tribunal indicam possível ligação de facções com políticos em Jardim de Piranhas e Serra Negra do Norte. "[Isso pode] influenciar o ambiente nas eleições", disse. A investigação do caso corre sob segredo de Justiça.
Escalada de violência política no RN. Marcelo Oliveira, que concorria à reeleição em João Dias, foi morto a tiros no dia 27 de agosto. No atentado, Sandi Alves de Oliveira, pai dele, também foi assassinado. No dia 6 de setembro, o irmão de um candidato a vereador em São Gonçalo do Amarante foi baleado. O TRE também pediu reforço no policiamento nesses municípios.
Tribunal Superior Eleitoral já aprovou envio das tropas para garantir a segurança no 1º turno em 12 estados. Em sessão administrativa ocorrida em 24 de setembro, os ministros da Corte aprovaram o pedido por unanimidade, incluindo o envio das tropas em sete capitais: Rio de Janeiro, Teresina (PI), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Rio Branco (AC), Cuiabá (MT) e Belém (PA).
SUSPEITA DE LIGAÇÃO COM PCC E CV
Políticos são investigados por crimes com suspeita de ligação com o PCC e com o Comando Vermelho. Os casos, ocorridos em São Paulo e no Rio, incluem assassinatos, lavagem de dinheiro e fraude em licitações, indica levantamento feito pelo UOL.
Filha de Fernandinho Beira-Mar é suspeita de repassar mensagens do CV para o pai na cadeia. A vereadora Fernanda Costa (MDB), candidata à reeleição em Duque de Caxias (RJ), foi condenada em 2023 por organização criminosa pela Justiça Federal de Rondônia por suspeita de envolvimento com a lavagem de dinheiro para a facção criminosa do Rio de Janeiro. Ela recorreu da decisão e responde ao processo em liberdade.
Prefeito de Embu das Artes (SP) já foi denunciado por suspeita de fazer lavagem de dinheiro para o PCC. Segundo o MP, Ney Santos (Republicanos) começou a chefiar o esquema para o crime organizado em 2013, um ano após ter sido eleito vereador. Condenado em 1999 por receptação e formação de quadrilha, ele também foi preso em 2003, acusado de usar uma metralhadora em roubo a um carro-forte, segundo o MP. Mas acabou sendo absolvido por falta de provas.
Fernanda Costa e Ney Santos alegam inocência. Wellington Corrêa da Costa Jr, advogado da filha de Beira-Mar, disse que não há nada que a incrimine no processo. Joel Matos Pereira, advogado do Ney Santos, falou que não há elementos para embasar a denúncia.
POLÍTICOS ASSASSINADOS EM ANO ELEITORAL
Casos registrados em SP. Um pré-candidato a vereador no Guarujá foi morto a tiros de fuzil em uma reunião política na noite de 25 de maio. Um ex-vereador de São Vicente foi assassinado na tarde de 17 de setembro ao ser baleado quando estava na frente de uma padaria. Um candidato a vereador de Santo André foi encontrado morto em um carro em Diadema na tarde de 24 de setembro.
Polícia Civil investiga se CV tem ligação com assassinato de cabo eleitoral de concorrente de vereador. Preso em 18 deste mês por suspeita de planejar a morte de Aparecido de Moraes, baleado em julho em Campos dos Goytacazes (RJ), Bruno Pezão (PP) teve liberdade provisória concedida pela Justiça no dia seguinte.
Vereador investigado por homicídio segue na disputa pela reeleição. Após ser solto, ele se posicionou em vídeo no seu perfil do Instagram dizendo ser perseguido por adversários políticos e citando a religião para pedir voto.
Você, eleitor, confie em mim. Nós estamos legível [sic], e a gente vai ganhar a eleição (...). O meu advogado é o senhor Jesus Cristo, que está na luta junto comigo.Bruno Pezão (PP), em seu perfil no Instagram
Outras mortes com suspeita de motivação política no RJ. Em 23 de maio, um vereador de Paty do Alferes morreu após ser baleado por suspeitos que fugiram em uma moto. Um candidato a vereador na região metropolitana do Rio foi encontrado morto a tiros em um carro na noite de 2 de setembro.
Um vereador foi assassinado no interior de Alagoas no dia 22 de agosto. Já no Espírito Santo, um candidato à reeleição ao Legislativo morreu em um atentado quando participava de um evento político.
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