Tonico Pereira está no ar em horário nobre da TV Globo, mas garante que ainda assim passa por um aperto no final de ano, na vida real. 

O veterano que interpreta Ascânio em “A Regra do Jogo” posou para o Jornal Extra como papai noel e revelou que está falindo pela oitava vez na vida: "Já posso até escrever um livro de autoajuda: “Como se prevenir da falência”. Hipotequei meu apartamento para pagar dívidas, estou colocando à venda os meus carros antigos e o galpão que os abriga, em São Gonçalo. As pessoas não acreditam quando eu falo, acham que todo ator é rico. Ganho bem, mas não consigo pagar minhas contas. Sou descompensado com as finanças”, conta. Com uma carreira de mais de 40 anos, o ator de 67 já arriscou ser empresário e teve bar, peixaria, livraria e até loja de parafuso, mas todos os empreendimentos fracassaram. 

"Se você quer saber, nunca tirei um tostão sequer de tudo o que promovi na vida. Por causa da insegurança causada pela minha profissão de ator, sempre achei que estaria desempregado de um dia para o outro e fui me arriscando em outros negócios, que nunca deram certo. Acontece que, no fim, a porção ator sustentou todas as minhas loucuras”, revela.

Casado com a bailarina, atriz e coreógrafa Marina Salomon há 20 anos, Tonico é pai de gêmeos de 10 anos, o Antonio Nicolau e a Nina Sofia. Segundo ele, quem garantiu a ceia foi a TV Globo. "A Globo já me entregou meu peru, está tudo certo”, diz.



Tonico conta ainda que tem falhas de memória devido a diabetes, e por isso nas gravações das novelas conta com a ajuda de ponto eletrônico, e uma figurinista lhe sopra os textos para ele repetir. 

As tosses de Ascânio também são naturais. Com enfisema pulmonar desenvolvido graças a anos do uso de cigarro, o ator empresta a doença a Ascânio, dando ao personagem uma aparência mais desleixada, aliada aos cabelos desgrenhados.



"No ator, a matéria-prima além do intelecto é a deficiência de seu corpo. Se você for sábio com seus defeitos e limitações, vai andar bem mais do que aquele que pensa estar acertando o tempo todo. Agradeço a Amora (Mautner, diretora) por gostar dos meus defeitos e ter me convidado para esse papel. Eu não tenho qualidade nenhuma quase, a não ser a ousadia, a inquietude. O ser humano é defeituoso por excelência, e a minha grande virtude é reconhecer isso. Não me considero artista, mas ator. Se eu sou artista, Leonardo da Vinci o que era? Não podemos esvaziar o significado das palavras assim... Fato é que não existe perfeição o tempo todo”, diz.