Crivella se nega a chamar de ‘calamidade’ crise em hospitais
RIO - Um dia depois de o prefeito Marcelo Crivella dizer que a Defensoria Pública da União não tem moral para pôr o dedo em sua cara, ao responder às críticas à saúde feitas pelo defensor Daniel Macedo, repórteres do GLOBO foram a hospitais do município e se depararam com uma trágica rotina: falta de médicos, materiais e insumos.
Na porta dessas unidades, pacientes esperam por horas e, muitas vezes, em vão, só restando a eles dar início a uma via-crúcis, de emergência em emergência, em busca de atendimento. Dentro, onde a equipe do jornal entrou para conferir o serviço prestado, os corredores, na falta de leitos, são usados como enfermarias, com doentes amontoados em macas e cadeiras. Os três hospitais visitados, Salgado Filho, no Méier, Albert Schweitzer, em Realengo, e Evandro Freire, na Ilha, em áreas diferentes da cidade, têm em comum o drama da saúde no Rio.
O Salgado Filho, por exemplo, que poderia ser um ponto fora da curva porque será um dos poucos a não ter redução de verba no ano que vem, enfrenta séria superlotação. O quadro do Albert Schweitzer é ainda mais crítico: com funcionários sem salários (a promessa é que sejam pagos hoje), os atendimentos foram reduzidos à metade, o que levou ao fechamento de 20 leitos só na UTI, que já funcionava precariamente com parte do teto despencando e fiação elétrica inadequada. A mesma crise atinge o Hospital Evandro Freire, que também está com repasses da prefeitura atrasados.
Crivella se irritou com a Defensoria que propôs a ele que decretasse estado de calamidade na saúde. Mas o fato é que o prefeito trabalha com uma perspectiva sombria para a saúde em 2019, que terá uma queda de 12% no seu orçamento.
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