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Em reforma, Hotel Marina já não acende no Leblon

Por Agência O Globo

13/11/2017 21h11 — em
Rio de Janeiro


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RIO - O hotel Marina Palace, no Leblon, já não acende mais. Pelo menos até o primeiro trimestre de 2021. Eternizado na música "Virgem", de Marina Lima, o empreendimento de luxo está fechado desde o início do mês para reformas. O objetivo, segundo o Brazilian Hospitality Group (BHG), que administra a unidade desde 2014, é promover uma "reforma completa" que "fará do hotel novamente uma referência da hotelaria carioca de luxo, em um dos endereços mais nobres da cidade".

As reservas já não eram feitas desde o dia 18 de outubro, segundo o hotel que, em setembro de 2015, ganhou um painel do grafiteiro Toz com 75 metros de altura. O letreiro na entrada principal foi retirado e, no local, permanecem apenas as marcas do nome famoso hotel, que foi inaugurado na década de 1980 e já foi palco de gravação da novela "Mulheres apaixonadas", da TV Globo.

Um informativo fixado na entrada principal do empreendimento, na Avenida Delfim Moreira 630, informa que o espaço está "momentaneamente fechado para obras". Nesta segunda-feira, quando O GLOBO esteve no local, um caminhão de transportadora estava parado na entrada de serviço, pela Rua João Lira.

- Está fechado desde o início do mês. Estamos em processo de esvaziamento do hotel para, depois, começar a obra - disse um funcionário do hotel, que não se identificou.

Entre os moradores do bairro, a torcida é pela reabertura do espaço.

- Seria ruim se não reabrisse. É um símbolo do bairro. Ajuda a movimentar a região, dá segurança. Só é uma pena que os dois hotéis da orla estejam fechados - lamenta a aposentada Maria Clara Peixoto, de 60 anos.

A também aposentada Zilma Arce, de 70, lamenta a crise do setor hoteleiro e torce para a reabertura, que segundo ela ajuda na segurança do bairro:

- Eu tenho a impressão de que os hotéis estão passando por crise. A expectativa antes da Olimpíada era uma, de crescimento, mas estão todos com baixa taxa de ocupação. É triste. O fechamento é ruim até para a segurança da região.

Presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon (AmaLeblon), Evelyn Rosenzweig tranquila os vizinhos mais preocupados. Segundo ela, representantes do hotel procuraram a associação em setembro para informar sobre o fechamento da unidade para reformas:

- Eles procuraram a associação antes desse fechamento para dizer que eles iriam fechar, querem manter uma proximidade com a comunidade. Acho que a reforma vai ser bom para o bairro e eles tiveram o cuidado de ter uma proximidade com o bairro. A associação torce para a reabertura total. Imagina como seria ruim um hotel desse fechado. Só não sei se vai continuar o nome.

A rede hoteleira Brazil Hospitality Group (BHG) concluiu a compra da LM Empreendimentos e Participações, ex-proprietária do Marina Palace, em janeiro de 2014. Na época, a companhia informou que planejava investir R$ 15 milhões em obras no edifício, que conta com 150 apartamentos e ganhará mais dez.

Procurada, o grupo não deu detalhes sobre a reforma. No Rio, a companhia é dona de outros quatro hotéis: BHG Rio São Conrado, BHG Rio Leme, Golden Tulip Rio Copacabana e Tulip Inn Rio Copacabana.

Com o fechamento do empreendimento, a orla do Leblon, agora, não tem mais hotel. O vizinho Marina All Suítes, inaugurado no final da década de 1970, também está fechado desde abril para reformas e deve mudar de nome: passará a ser chamado de "Janeiro", uma homenagem à cidade. A previsão de reabertura é para o fim de janeiro de 2018. A estrutura, com 42 suítes, não será alterada. Da reforma, segundo o empresário Carlos Werneck, sairá um hotel de luxo com o "espírito carioca":

- É uma homenagem porque Janeiro é o sobrenome do Rio. Queremos um hotel de luxo com espírito carioca.

Uma baixa, entretanto, os cariocas mais saudosistas já podem aguardar. O badalado Bar d'Hôtel, bistrô que funcionava no local, não retornará, confirma Werneck:

- O bar vai se chamar Janeiro. O restaurante também. O "Bar d'Hôtel" teve 18 anos de vida. Vamos abrir um novo produto.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, minimiza o fechamento temporário. Para ele, o momento pós-Olimpíada, com expansão da rede hoteleira e baixa taxa de ocupação, é o correto para a renovação das unidades.

- As reformas levam em conta o que queremos: um parque hoteleiro moderno. Esperaram passar a Olimpíada e, agora, vão fazer uma reforma profunda. Temos muitos hotéis próximos e a taxa de ocupação da cidade permite. É a hora de fazer isso - afirma Lopes, observando que é preciso que as administrações ponderem uma possível mudança de nome: - Tem nomes que transcendem o empreendimento. Você vê o Hotel Nacional, por exemplo. O Marina tem até música.

A taxa média de ocupação da rede hoteleira em toda a cidade foi de 47% no mês de julho, de acordo com a última pesquisa disponível da ABIH-RJ. No mesmo mês do ano passado, a ocupação média era de 55%. Os bairros de Ipanema e Leblon, porém, registraram uma média um pouco mais elevada: a ocupação de leitos chegou a 47% em julho deste ano, contra 48% no mesmo mês de 2016.


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