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Marcelo Piloto ganhou projeção após ser autorizado pela Justiça a deixar a prisão em 2007

Por Agência O Globo

13/12/2017 21h12 — em
Rio de Janeiro



RIO - Considerado um dos mais perigosos criminosos do país, Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, preso nesta quarta no Paraguai, ganhou importância na hierarquia do crime organizado após ter saído da prisão, ao obter benefício da Justiça. Condenado em 1997 por assalto a 21 anos em regime fechado, ele conseguiu, dez anos depois, progressão da pena por bom comportamento. Em agosto de 2007, deixou o Presídio Edgar Costa para uma visita periódica ao lar. E nunca mais voltou. Foragido, passou a controlar a venda de drogas nas comunidades de Manguinhos, Mandela 1 e Mandela 2 até que, em 2012, saiu do Brasil. Do exterior, passou a ser o maior fornecedor de armas e drogas do Comando Vermelho. Sua captura era considerada tão importante que mobilizou as polícias brasileira e paraguaia, além de homens da DEA, a agência de combate às drogas dos Estados Unidos.

— Ele foi mais um caso de condenado beneficiado pela Justiça. Por isso, estamos sempre lutando pela mudança da legislação para que estes benefícios não sejam dados para todos, que sejam relativizados. Ele tem 22 mandados de prisão. Cometeu crimes de roubo, latrocínio, associação para o tráfico. Defendemos que, nestes casos, o benefício só possa ser concedido após ter sido cumprida metade da pena na primeira condenação, e dois terços da pena, em caso de nova condenação. Hoje, eles têm direito ao benefício com apenas dois quintos da pena, quando primários, e três quintos, no caso de reincidência — protestou o secretário de Segurança, Roberto Sá.

Segundo Sá, Piloto atuava com exclusividade para a maior facção criminosa do Rio e fornecia especialmente fuzis. A polícia ainda não tem um levantamento da quantidade de drogas e armas que entraram no estado pelas mãos de Piloto, mas, ontem, após ser preso, o próprio bandido deu uma estimativa de quanto faturava.

Ele contou informalmente aos agentes da Polícia Federal e da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai alguns detalhes da sua atuação como “matuto” da facção. Disse que, a cada dois meses, enviava um carregamento de maconha e armas para o Rio. A carga era escondida em caminhões, com fundos falsos, que passavam pelos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo. Os fuzis seguiam desmontados. Segundo o traficante, quando não havia apreensão, ele chegava a lucrar R$ 500 mil com cada carregamento.

Nem sempre, entretanto, a carga chegava intacta às favelas. Em maio deste ano, por exemplo, um carregamento de Piloto com duas metralhadoras de calibre .50 equipadas com lunetas, três fuzis calibre 7.62, quatro fuzis calibre 5.56, 31 pistolas, mais de 17 mil projéteis e quatro toneladas de maconha foi interceptado por policiais civis de São Paulo, do Mato Grosso do Sul e do Paraná em Teodoro Sampaio, no interior de São Paulo. A carga saiu de Amambaí, no Mato Grosso, em direção ao Rio, e estava embaixo de um fundo falso. Piloto assumiu para os agentes que o carregamento era dele e que teve um “prejuízo gigantesco”.

Piloto disse aos policiais que se considerava um “empresário”. Aos vizinhos, na cidade de Encarnación, a 365 km de Assunção, capital do Paraguai, onde foi encontrado pela polícia, ele se apresentava como “vendedor de eletrônicos”. Segundo as investigações, Piloto havia se mudado para o local há seis meses, após sair da Ciudad del Leste. Ele trocava de endereço a cada seis meses, e nesta última vez, escolheu uma casa de três quartos para se esconder. No imóvel, os policiais apreenderam duas pistolas, seis carregadores e US$ 10 mil, além de três documentos falsos com o nome que o criminoso usava no Paraguai: Marcos Lopes Correia.


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