Tiroteio faz vítimas e aterroriza Rocinha; veja vídeos
RIO — Uma pessoa morreu após manhã de intenso tiroteio na Rocinha. Thiago Fernandes da Silva, de 25 anos, tinha cinco anotações criminais. Ainda não há informações sobre as circunstãncias da morte, mas a família do jovem afirma que ele foi vítima de bala perdida. A polícia ainda investiga outras supostas mortes e feridos.
— Temos recebido informações via whatsapp de uma pessoa que teria morrido em cima de uma motocicleta, numa região conhecida como Largo das Motos. Teria sido hoje, mas temos que confirmar. Também vimos fotos com mais três indivíduos mortos, mas não se sabe se foi feita hoje e nem mesmo na Rocinha — disse o delegado titular da 11ª DP, Antônio Ricardo. — Tem dois baleados no Hospital Lourenço Jorge. Equipes foram para a rua para verificar em que circunstâncias isso aconteceu; se foram vítimas de bala perdida ou participavam do confronto.
Segundo Antônio Ricardo, o tiroteio se deve à disputa entre traficantes que comandam a favela.
— É uma disputa pelo monopólio de venda de drogas na Rocinha, já que era do Antonio Bonfim e agora está sob a liderança do Rogério Avelido — contou o delegado. — Vamos apurar tentativa de homicídio, resistência qualificada, disparo de arma de fogo, associação ao tráfico e porte ilegal de arma de fogo. Todos que forem identificados nessa ação vão responder por esses cinco crimes.
O tiroteio na Rocinha deixou pelos menos duas pessoas feridas na comunidade, segundo o comando da Unidade Pacificadora de Polícia (UPP). Equipes socorreram um homem na Rua 3, que em seguida foi levado para a UPA da localidade. Ainda de acordo com a UPP, há informações de outro baleado na Rua 2, porém os policiais não conseguiram localizar o corpo. Ainda não há informações sobre a identidade das vítimas. Tamém durante a manhã, uma guarnição da UPP foi atacada na Via Ápia, um dos principais acessos à Rocinha. No local, é possível ver carros usados por bandidos com muitas marcas de tiros. Em vídeos publicados nas redes sociais, é possível ver homens atirando, carros perfurados e até criminosos roubando carro de moradres. Policiais do Grupamento Aeromóvel seguem acompanhando a movimentação na região. O confronto na Rocinha começo por volta das 6h da manhã e é, segundo informações de policiais, fruto de uma briga interna na quadrilha de traficantes que comanda a favela.
Segundo moradores da comunidade, as atividades estão ainda mais prejudicadas na parte de cima, onde comércios estão fechados e ônibus não circulam. Os PMs seguem no local, fazendo o patrulhamento.
O clima na comunidade é de muita tensão. Apesar de o comércio na beira da estrada estar aberto, na altura do Complexo Esportivo da Rocinha, a maioria das pessoas procurava passar rápido pela área e evitava dar entrevistas. Enquanto a equipe de reportagem esteve no local, houve a inserção de uma equipe policial na comunidade.
Em sua conta no Twitter, a Polícia Militar pediu para que as pessoas evitem ir até a região. O Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro (Cor) também pediu através do Twitter que a Autoestrada Lagoa-Barra e o bairro de São Conrado sejam evitados. Segundo a postagem, uma operação policial na região pode causar bloqueios. As rotas alternativas sugeridas pelo Cor são a Avenida Niemeyer, que está com o tráfego em boas condições, e o Alto da Boa Vista, que também tem tráfego normal nos dois sentidos.
Ares de guerra
A Rocinha respira ares de guerra. Desde a morte de três homens da quadrilha de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, no dia 13 de agosto, o bando que controla o tráfico de drogas do local está rachado. Moradores contam que pessoas ligadas a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, que controlou o tráfico na comunidade e está preso desde 2011, teriam sido expulsas da favela a mando de Rogério 157. Um dos alvos do bandido seria Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem.
Ex-segurança de Nem, Rogério substituiu o chefe e controla o tráfico na favela. No último dia 13 de agosto, ele desconfiou que seria vítima de uma espécie de tentativa de golpe para tirá-lo da posição que ocupa. Rogério recebeu a informação de que um dos seus homens de confiança estaria mudando de facção para tomar o comando da favela. A reação foi imediata. Robson Silva, conhecido como 99, Wellington Nascimento, o Vasquinho, e Ítalo de Jesus Campos, o Perninha, foram executados. Perninha era o segundo na hierarquia do tráfico na favela. Os três corpos foram encontrados num Toyota Etios prata. A principal linha de investigação da polícia é a de que Rogério 157 seja o responsável pelas três mortes.
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