Em voos rasantes, bem-te-vi controlava fumantes em bar no Catete
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RIO - Esqueça os possíveis trocadilhos: o fato é que um bem-te-vi ‘antitabagista’ não é visto há pelo menos três semanas no Bar da Diva, no alto da Tavares Bastos, no Catete. Por quatro dias, o pássaro fez fama ao dar voos rasantes para arrancar o cigarro das mãos dos fumantes e o destruir impiedosamente, mesmo se estivesse acesso.
Até havia uma placa bem grande no balcão. Avisava a proibição de fumar no recinto, um típico botequim de comunidade, que serve uma disputada feijoada às sextas-feiras. O problema é que os fregueses, apesar dos apelos da dona do bar, davam suas baforadas.

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— É proibido fumar, e o pessoal fumava. O bem-te-vi vinha e arrancava o cigarro. Bem que eu gostava. Meu marido, então, adorava – conta a comerciante Diva Domingos, de 49 anos, que chegou a hospedar por uma noite o pássaro na própria casa, na Tavares Bastos.
Os frequentadores penaram com os voos alucinantes da ave. Na hora do almoço, não dava sossego. Pegava até petiscos nos pratos.
— A gente sentava ali, acendia o cigarro. É sério. Ela (a ave) vinha e tirava. Eu me assustei — conta a professora Raquel Carneiro de Mendonça, de 52 anos, uma das frequentadoras.
Uma outra freguesa do Bar da Diva chegou a dar um drible e esconder o cigarro. Mas o pássaro retornou e bicou o brinco na orelha da fumante.
— Por quatro dias, o bem-te-vi fez a festa no bar e na vizinhança. As crianças se divertindo, dando pão, comida, banana. Adorava uma banana — conta Diva.
O bem-te-vi, porém, desapareceu. Ninguém mais o viu por perto. Logo, os frequentadores do bar passaram a discutir o que poderia ter acontecido com o pássaro destruidor de cigarro.
— Todo mundo chega aqui e pergunta: ‘E aí, Diva, cadê o bem-te-vi?’ Sumiu? Eu acredito que alguém o pegou. Eu o pegava na mão, levava para o quarto.
Outra possibilidade é que o bem-te-vi tenha sido atacado por algum gavião, espécie muito comum no alto da mata da Tavares Bastos.
— Aqui tem outros pássaros, mas creio que o gavião é meio implicante com ele. Só que bem-te-vi também não é mole. Vai para cima. Eu não sei o que realmente aconteceu — lamenta a dona do bar, que perdeu o parceiro na campanha contra o fumo em seu bar.

ASSUNTOS: Rio de Janeiro