Câncer de mama em mulheres jovens aumenta; veja mitos sobre a doença
A incidência de câncer de mama em mulheres com menos de 50 anos está em alta nos últimos anos no Brasil e no mundo. Uma pesquisa publicada no Jama Open Network, periódico da Associação Médica Americana, que analisou mais de 500 mil pessoas entre 2010 e 2019, mostra aumento da doença em pessoas com menos de 50 ano, em especial na faixa de 30 a 39 anos. No Brasil, especialistas também observam esse fenômeno nos consultórios.
O câncer de mama é o tipo de tumor que mais acomete as mulheres no Brasil. Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados pelo Ministério da Saúde 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres.
A prevenção primária e a detecção precoce são aliadas na redução da incidência e na mortalidade por câncer de mama. A população deve ser informada sobre o tema para que possa adotar medidas que protejam a sua saúde.
Criado há mais de 30 anos, o Outubro Rosa é um período de compartilhar informações e conscientizar sobre o câncer de mama para contribuir para a redução da incidência e da mortalidade pela doença.
O aumento do aparecimento da doença em mulheres cada vez mais jovens preocupa especialistas, já que as causas ainda estão sendo identificadas.
“Claramente aumentou o aparecimento do câncer de mama em mulheres 10, 20 anos mais jovens do que a faixa etária padrão de maior incidência da doença, que é 50 anos. Agora, ainda não sabemos o porquê. O diagnóstico de mulheres de até 45 anos aumentou, sem dúvida, e é impressionante”, disse o Dr. Pedro Exman, coordenador do Grupo de Tumores de mama e ginecológicos do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Diagnóstico precoce
Mulheres a partir dos 40 anos devem realizar o exame clínico das mamas anualmente. O diagnóstico do câncer feito na fase inicial pode evitar tumores mais graves, retirada total das mamas e metástase.
Exames de imagem, como a mamografia ou o ultrassom das mamas podem detectar a doença.
No entanto, há sinais e sintomas que indicam que a mulher deve procurar um especialista e fazer os exames por imagem. Veja quais são:
Retrações de pele e do mamilo
Saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo
Vermelhidão da pele da mama
Pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço
Inchaços pelas mamas
Dores na mama ou mamilo
Mitos e verdades
O câncer de mama ainda gera dúvidas sobre o que é verdade e o que é mito a respeito da doença.
Menopausa? “Chip da beleza”? Genética? Amamentação? São muitas as informações difusas que levam a conclusões erradas sobre o câncer de mama. Reunimos aqui, com informações do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o que é verdadeiro e o que não é sobre a doença:
“Menopausa é período de risco de desenvolvimento de câncer de mama”
Mito: A menopausa é um processo natural que ocorre com todas as mulheres e equivale ao último período menstrual. O período antes, durante e depois desta última menstruação chama-se climatério, que é quando ocorre a diminuição progressiva da função ovariana e da produção do estradiol e da progesterona. Este processo é natural e não está relacionado a um aumento do risco de câncer de mama.
“Reposição hormonal é risco para o câncer de mama”
Verdade: Na década de 2000, a reposição hormonal foi realizada sem um correto controle e acompanhamento médico e se tornou um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama, com aumento do risco relativo entre 10 % e 20% em comparação a mulheres que não fizeram reposição hormonal. Para a realização segura de reposição hormonal, a mulher deve ser informada dos riscos e benefícios de tal estratégia e manter sempre acompanhamento profissional com médico especialista.
“‘Chips da beleza’ previnem o câncer de mama”
Mito: Os chamados “chips da beleza” são subcutâneos que liberam de forma lenta e progressiva hormônios, principalmente a testosterona, que no fígado é metabolizada e uma parte se torna estrogênio, o principal hormônio feminino. Por ser uma exposição com pouco controle e a longo prazo, há sim um risco aumentado de desenvolvimento de câncer de mama.
“Fumar cigarros convencionais ou vapes não são fatores de risco de câncer de mama”
Mito: O tabagismo é classificado pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como agente carcinogênico para câncer de mama em humanos, portanto, cigarros e vapes – que contém nicotina e são vaporizadores – devem ser evitados como prevenção.
“Anticoncepcional causa câncer de mama”
Meia-verdade: Estudos apontam que o uso a longo prazo de anticoncepcional oral pode aumentar o risco de câncer de mama. Porém este aumento de risco é muito pequeno quando comparado com pacientes que não usam o anticoncepcional oral Vale lembrar que anticoncepcional oral é uma forma de anticoncepção altamente eficaz e que seu uso também pode ser extremamente bem-vindo em condições como endometriose ou distúrbios hormonais. O seu uso não deve ser contraindicado, mas as pacientes devem ser informadas e discutir com seu médico qual a melhor forma de contracepção.
“Genética aumenta chances de desenvolver câncer de mama”
Verdade: Fatores hereditários (ou seja, fatores genéticos familiares que são transmitidos de geração em geração) correspondem à 5-10% dos casos de câncer de mama e aumentam em 50-80%. O mapeamento genético pode ser importante aliado na prevenção e no tratamento em casos do tipo.
O mapa pode ser feito por qualquer pessoa por meio de uma coleta de sangue, saliva ou qualquer outro fluido que contenha material genético, entretanto, a análise se dá por meio de sofisticadas técnicas de laboratório e é indicada para pessoas que tenham histórico de doenças genéticas em familiares.
“Próteses de silicone aumentam o risco de câncer”
Mito: Não há relação do uso de próteses mamária de silicone com o risco de desenvolvimento de câncer de mama.
“Desodorante antitranspirante causa câncer de mama”
Mito: Não há relação entre os sais de alumínio, presentes na formulação de alguns desodorantes, e o aumento do risco de desenvolvimento do câncer de mama. Nenhum estudo científico conseguiu estabelecer relação entre o uso desse produto e o risco de desenvolver a neoplasia. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que o produto é seguro e que não existe relação entre a substância e o desenvolvimento do tumor.
“Atividades físicas ajudam a prevenir o câncer de mama”
Verdade: A atividade física, quando praticada regularmente (no mínimo três vezes por semana com duração mínima de trinta minutos), traz diversos benefícios a curto e longo prazo para qualquer pessoa. Para prevenir o câncer de mama as mulheres devem iniciar uma mudança de hábitos em sua rotina, como praticar atividade física regularmente, ingerir alimentos saudáveis e realizar os exames preventivos, como a mamografia.
“Usar sutiã apertado causa câncer”
Mito: Não há embasamento científico que relacione o uso de sutiãs apertados e o surgimento do câncer de mama.
“Todos os nódulos da mama são câncer”
Mito: A maioria dos nódulos na mama correspondem a lesões benignas ou cistos. Achando um nódulo, consulte um médico.
“Mulheres que amamentam têm menos chances de desenvolver câncer de mama”
Verdade: Uma das orientações do Ministério da Saúde para prevenção do câncer de mama é o aleitamento materno. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que o risco de desenvolver câncer de mama é cerca de 22% menor em mulheres que amamentaram.
ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar