As vendas de cigarros em supermercados tiveram um aumento expressivo em outubro, registrando alta de 9,2% em unidades comparadas ao mesmo mês de 2022, apesar de um reajuste de 11,1% nos preços. Esse cenário resultou em um crescimento de 21,1% no faturamento da categoria nos supermercados e atacarejos do Brasil.

No acumulado de janeiro a outubro, o desempenho também foi significativo: avanço de 11,5% nas vendas em unidades em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são de um levantamento da Scanntech, consultoria especializada em análise do varejo alimentar, que utiliza sua plataforma de inteligência de dados para monitorar vendas por meio da leitura de tíquetes nos caixas das lojas.

Enquanto as vendas de cigarros cresceram, outras categorias apresentaram comportamentos distintos. A cesta de mercearia básica, composta por itens como café, arroz e leite, registrou um aumento médio de 16,6% nos preços em outubro. Apesar disso, a queda em volume foi limitada a 2,8%, evidenciando a baixa elasticidade da demanda por esses produtos essenciais. O café liderou as altas, com um aumento de 30,9%, influenciado por fatores externos como a seca no Vietnã, maior produtor de café robusta.

Por outro lado, itens considerados supérfluos tiveram maior sensibilidade ao preço. A cesta de perfumaria, por exemplo, teve queda de 2,8% nas vendas em unidades, mesmo com um reajuste de apenas 3,5% nos preços. 

O destaque no mercado de cigarros, no entanto, está relacionado à migração para produtos legalizados. Dados do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) mostram que a venda de cigarros contrabandeados atingiu o menor nível da história, com o fortalecimento da fiscalização e a aproximação de preços entre produtos legais e ilegais. Desde 2019, a participação do cigarro ilícito caiu de 57% para 32% no mercado nacional.

Apesar do aumento nas vendas do produto legalizado, o consumo de tabaco no Brasil segue em declínio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de fumantes no país caiu 35% desde 2010, atingindo 12,3% da população em 2023. Globalmente, estima-se que 1,25 bilhão de adultos ainda sejam usuários de tabaco.