Dengue pode causar complicações no sangue, alertam especialistas

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Dados do Ministério da Saúde informam que, apenas em janeiro de 2024, foram registrados 217 mil casos de dengue no Brasil, mais que o triplo em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram notificados mais de 65 mil casos.
Doença infecciosa causada pelo vírus Aedes aegypti, a dengue tem repercussão no sangue devido à vasodilatação, com potenciais riscos, como o desenvolvimento de plaquetopenia, cujas pintinhas vermelhas são características, podendo apresentar a necessidade de transfusão sanguínea em casos hemorrágicos, sua forma mais grave.

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O médico hematologista Dr. Carmino de Souza, diretor científico da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), explica que nos pacientes diagnosticados com dengue acontece uma vasodilatação com extravasamento de plasma sanguíneo, a parte líquida do sangue, havendo risco de pressão baixa, de desidratação e até de morte.
“Além disso, um fenômeno que acompanha a vasodilatação é o extravasamento de plaquetas, células responsáveis pela coagulação, o que leva a uma plaquetopenia, que são o aparecimento de pintinhas vermelhas nos membros do corpo. No entanto, ela é reversível à medida que a dengue vai se controlando”, diz ele, que também é professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Em casos raros, complementa Souza, pode haver a necessidade de o paciente receber doação de sangue para elevar o nível de plaquetas: “Mas é pouco comum, embora quando o paciente tem dengue hemorrágica seja importante esse acompanhamento do médico clínico geral para avaliação por meio de exames como o hemograma”, conta. Nesses casos, um médico hematologista pode oferecer um suporte. Também é importante mencionar que o paciente com dengue não deve doar sangue por aproximadamente 30 dias após o diagnóstico.
Mas a vacina da dengue não é indicada para pacientes em tratamento onco-hematológico, como detalha a Drª Adriana Scheliga, médica hematologista e membro do Comitê do Comitê de Linfomas não-Hodgkin da ABHH. “Devido a vacina ser produzida por um vírus vivo atenuado, não indicamos aos pacientes em tratamento do câncer, assim como vacinas para caxumba, sarampo, rubéola, febre amarela, poliomielite, entre outras. Neste caso, é necessário a prevenção usando repelente e combatendo o mosquito com as medidas cabíveis em casa, por exemplo, não deixando água parada em vasos de planta”, orienta ela.
“Para pacientes com uma imunossupressão mais severa, por exemplo, em pessoas vivendo com HIV com o organismo mais debilitado, é importante uma avaliação do médico, que irá verificar a situação clínica e o contexto epidemiológico da região onde ele vive”, completa Souza.
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ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar