Especialista fala sobre os riscos do tabagismo para a saúde da mulher
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano - 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto do produto, enquanto cerca de 1,2 milhão são não-fumantes expostos ao fumo passivo. Dados do Ministério da Saúde, no Brasil 9,3% de adultos com mais de 18 anos são fumantes – eles se dividem entre 10,2% de homens e 7,2% de mulheres.
Além de números, há também diferenças entre os efeitos do tabagismo em homens e mulheres. O cigarro tem impactos distintos na saúde feminina, acentuando uma série de problemas.
O pneumologista Dr. Ciro Kirchenchtejn, explica que o tabagismo tem uma história complexa e uma evolução no marketing voltada para esses públicos diferentes.
“Desde o final do século 19, a indústria do tabaco desenvolveu campanhas publicitárias distintas para homens e mulheres. Para os homens, o marketing associava o cigarro a sucesso e virilidade, enquanto para as mulheres, os cigarros eram promovidos como uma forma de emagrecimento e sofisticação”, lembrou o especialista.
De acordo com o pneumologista, o tabagismo feminino resulta em uma maior prevalência de certas doenças.
“Embora homens e mulheres compartilhem doenças comuns associadas ao tabagismo, como câncer de pulmão e doença pulmonar, as mulheres têm uma propensão maior a desenvolver câncer de pulmão, além de doenças específicas do aparelho reprodutivo”, explicou Kirchenchtejn.
O especialista ressalta que mulheres fumantes enfrentam riscos adicionais durante a gravidez, como parto prematuro, baixo peso do bebê ao nascer e complicações que afetam tanto a mãe quanto a criança.
“Se uma mulher deseja engravidar, o ideal é parar de fumar antes de tentar conceber. Contudo, parar de fumar para melhorar a saúde em geral é uma escolha benéfica a qualquer momento”, afirmou.
As diferenças biológicas tornam as mulheres mais suscetíveis a certos problemas de saúde relacionados ao tabagismo, segundo o especialista.
“As mulheres metabolizam a nicotina de forma diferente devido aos efeitos do estrógeno, o que pode resultar em uma maior produção de nitrosaminas, substâncias cancerígenas presentes no cigarro”, disse o médico.
Questões emocionais e comportamentais também afetam o modo como as mulheres lidam com o ato de fumar.
O especialista enfatiza a importância de abordar a dependência psicológica, além da física, no processo de cessação do tabagismo.
“Programas de cessação devem incluir terapia cognitivo-comportamental para ajudar as pessoas a lidarem com os gatilhos emocionais e comportamentais que levam ao tabagismo”.
Buscar ajuda profissional é de suma importância para ter êxito na tentativa de parar de fumar.
“Embora seja possível parar de fumar sozinho, a maioria das pessoas precisa de suporte adicional para ter sucesso. Programas estruturados e acompanhamento profissional aumentam significativamente as chances de sucesso”, lembrou o especialista.
Neste Dia Nacional de Combate ao Fumo, é preciso reconhecer e enfrentar as particularidades do impacto do tabagismo na saúde e promover estratégias eficazes para acabar com o uso do tabaco.
Cigarros eletrônicos
O pneumologista também lembrou que, além do cigarro convencional, os eletrônicos – conhecidos como vapes, pod, pendrive, caneta, entre outros nomes – também fazem mal à saúde.
“Os cigarros eletrônicos muitas vezes contêm mais nicotina do que os cigarros tradicionais e são frequentemente direcionados a jovens e grupos vulneráveis”, alertou o especialista, que também menciona os riscos ambientais e legais associados ao uso desses produtos, que muitas vezes são adquiridos de forma irregular e contribuem para a poluição com metais pesados.
As substâncias usadas nesses aparelhos podem causar tanto mal quanto o cigarro comum quando vaporizadas e inaladas. Como contém concentrações altíssimas de nicotina, muitas vezes transformada para se tornar mais rapidamente absorvida, o dispositivo eletrônico torna o ato de fumar altamente viciante.
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