A febre oropouche, que tem causado surtos em alguns estados brasileiros e até em países europeus, apresenta sintomas semelhantes aos da dengue, chikungunya e zika. Um dos sinais mais característicos da doença é a dor nos olhos.

"É comum que pacientes com febre oropouche relatem dor intensa atrás dos olhos, conhecida como dor retro-orbital", explica o infectologista Henrique Lacerda, do Hospital Brasília, da rede Dasa. Essa dor é causada pela inflamação e aumento da pressão nos vasos sanguíneos e tecidos ao redor dos olhos, algo comum em infecções virais. Além da dor retro-orbital, o paciente pode apresentar fotofobia (sensibilidade à luz) e conjuntivite.

A febre oropouche é transmitida pela picada do Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas da doença geralmente surgem de quatro a oito dias após a picada e duram entre quatro a sete dias. Durante esse período, os pacientes costumam apresentar febre alta, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Em alguns casos, após essa primeira fase, surgem sintomas visuais, como a dor nos olhos, além de náuseas e vômitos.

"Os sintomas mais característicos são febre alta e dores articulares, que podem levar a diagnósticos errados de dengue e chikungunya. No entanto, a oropouche raramente causa erupções cutâneas, como as manchas avermelhadas na pele, o que pode ajudar a diferenciá-la das outras", ressalta Lacerda. 

Embora a maioria dos pacientes se recupere completamente sem complicações graves, em casos raros, a febre oropouche pode evoluir para problemas mais sérios, como meningite, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Em um artigo publicado na revista The Lancet, pesquisadores destacam que essas complicações podem ser fatais se não forem tratadas adequadamente.

O diagnóstico da febre oropouche pode ser desafiador devido à semelhança com outras arboviroses. Para confirmação, são necessários exames laboratoriais, como o RT-PCR, similar ao utilizado para detectar a Covid-19, ou exames de sorologia para identificar anticorpos específicos no sangue. "A semelhança com outras arboviroses pode complicar o diagnóstico clínico sem testes laboratoriais específicos", alerta o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).

Não há um tratamento específico para a febre oropouche; o manejo da doença envolve o alívio dos sintomas com tratamentos tradicionais.