As máscaras utilizadas durante a pandemia de coronavírus, como as PFF2 e N95, não foram desenvolvidas para proteção contra poluição atmosférica, mas sim para prevenir doenças infecciosas. Segundo André Nathan, pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, essa limitação é fundamental ao considerar a eficácia dessas máscaras para proteger contra poluentes no ar.

Em entrevista ao UOL News, Nathan explicou que existem diferentes tipos de poluição atmosférica, como substâncias voláteis, enxofre e monóxido de carbono, contra as quais o uso de máscara não oferece nenhuma proteção. As máscaras funcionam como filtros que bloqueiam materiais particulados, como partículas pequenas suspensas no ar que podem entrar no sistema respiratório, mas não são eficazes contra todos os poluentes.

Além disso, Nathan destacou que não existe uma "máscara ideal" para proteger contra todos os tipos de poluição. Mesmo as máscaras mais grossas, como as PFF2 ou N95, que são eficazes contra vários agentes infecciosos, não foram projetadas especificamente para combater a poluição atmosférica. O uso dessas máscaras, segundo o especialista, deve ser visto como uma solução emergencial, especialmente em ambientes extremamente poluídos, como áreas próximas a queimadas intensas.

O pneumologista ressalta que o uso de máscaras recomendado pelo governo de São Paulo como medida de proteção contra a poluição das queimadas é válido, mas deve ser aplicado de forma específica. Ele alerta que, em situações de poluição extrema, como proximidade de focos de incêndio, o uso de proteção individual é importante.