Médico explica como a biópsia auxilia no diagnóstico precoce de câncer de próstata
O câncer de próstata é silencioso e potencialmente letal. Segundo o estudo The Lancet, até 2040, o número de mortes causadas pela doença pode aumentar em 85%. Já o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que até 2025 haverá 71.730 novos casos de câncer de próstata no Brasil, ressaltando a necessidade de intensificar os programas de rastreamento para evitar diagnósticos em estágio avançado.
O presidente da Sociedade Amazonense de Radiologia (SORAM), Jorge Leão, destaca que a biópsia de próstata, guiada por ultrassonografia, é o único método capaz de confirmar o diagnóstico de câncer, sendo essencial para a detecção precoce. Ele também descreve o procedimento de realização do exame, que permite avaliar com precisão a presença da doença.
“O aumento do PSA (acima de 4 ng/ml), a presença de alterações no exame de toque retal e os achados suspeitos na ressonância magnética indicam a necessidade de biópsia. Esta biópsia é realizada com orientação por ultrassonografia, retirando-se entre 12 e 21 fragmentos de tecido prostático para análise microscópica. A avaliação microscópica confirma o diagnóstico de câncer, determina a localização e o grau histológico (indicador da agressividade do tumor), fatores que são fundamentais na escolha do tratamento mais adequado”, pontua o médico.
O especialista em diagnóstico por imagem destaca que a confirmação do câncer de próstata por meio da biópsia é essencial para avaliar o grau de agressividade do tumor, classificando-o em baixo, intermediário ou alto risco.
“O diagnóstico precoce é essencial para reduzir os casos avançados, muitos dos quais já apresentam metástases, ou seja, a disseminação do tumor para fora da próstata, como para os ossos. Esse tipo de disseminação pode ser extremamente doloroso”, destaca.
Ainda de acordo com o médico, o aumento do número de casos de câncer de próstata, em parte, está relacionado com o envelhecimento dos homens com aumento da expectativa de vida.
“Outros fatores como sedentarismo, obesidade, má alimentação e tabagismo podem contribuir para esse aumento. Os pacientes considerados de maior risco são aqueles com histórico familiar de homens com câncer precoce, entre 40 e 50 anos, raça negra, e com genética positiva (BRCA1 e 2). Esses pacientes devem iniciar e intensificar ainda mais o rastreio devido ao risco aumento desses marcadores”, alerta Leão.
Como funciona a biópsia guiada por ultrassom?
O especialista explica que o procedimento de biópsia guiada por ultrassom é realizado em regime ambulatorial. Não sendo necessária internação, é realizado sob anestesia que pode ser bloqueio local e ou sedação.
“Para a realização do exame é necessário um preparo com antibióticos profiláticos por três até sete dias dependendo do perfil do paciente. O procedimento é bastante seguro, apresentando em torno de 1% de complicações. A mais comum é a infecção simples autolimitada, sangramento pela urina e ou na ejaculação também autolimitada em média por três ou quatro dias, dor nas primeiras horas, também controlada por remédios. A Prostatite com indicação de internação para cuidados é muito rara representando 1% dos casos dessa população”, explica.
O especialista em diagnóstico por imagem recomenda repouso absoluto apenas por 24 horas após o procedimento, abstinência de relações sexuais por, no mínimo, quatro dias, e evitar atividades como ciclismo e academia por uma semana.
“O exame é a única forma de diagnóstico confirmatório do câncer de próstata. A família também tem papel importante no incentivo à procura de um médico para o rastreio da doença. O diagnóstico precoce e o tratamento precoce são as únicas opções que podem levar a cura da doença”, disse.
Jorge Leão ainda explica que o rastreio é realizado pela dosagem do PSA (uma proteína produzida exclusivamente pela próstata, que se aumentada deve ser investigada, depois o toque retal.
“Qualquer alteração nesses exames indica a necessidade de estudo por ultrassonografia transretal ou ressonância magnética, que ajudam a confirmar a suspeita e a localizar as áreas da próstata com maior probabilidade de câncer. Esses exames fornecem indícios, mas apenas a biópsia pode confirmar o diagnóstico”, conclui.
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