Saiba como funciona sensor que eliminou aluno diabético do Enem
Um adolescente de 17 anos foi desclassificado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) depois que seu sensor de glicemia, utilizado para monitorar a diabetes tipo 1, emitiu um alerta durante a prova. O incidente ocorreu no domingo (3), em Sobradinho, no Rio Grande do Sul, e o caso foi relatado nas redes sociais pelo pai do jovem, Rudnei Noro.
O adolescente possui diabetes tipo 1, uma condição em que o organismo produz pouca ou nenhuma insulina, exigindo um monitoramento constante dos níveis de glicose no sangue. Para isso, ele usa um sensor de glicemia que apita quando os níveis de açúcar estão fora dos limites normais. Esse sensor, que tem o tamanho de uma moeda de um real, é aplicado na parte posterior do braço e dura até duas semanas. Através de um aplicativo ou leitor específico, o adolescente consegue acompanhar a glicemia de forma contínua.
Durante o exame, o alarme do sensor soou, fazendo com que o celular emitisse um som – algo proibido pelas regras do Enem. Apesar de ter informado sua condição de saúde ao se inscrever, o jovem foi informado de que a diabetes tipo 1 não estava listada como uma condição que exige atendimento especial, motivo pelo qual ele realizou a prova em uma sala regular com os demais candidatos.
Esse caso levanta questões sobre a necessidade de revisão das políticas de acessibilidade em exames nacionais, de forma a incluir condições médicas que, embora comuns, exigem monitoramento constante e equipamentos que possam interferir nas normas de silêncio estabelecidas para as provas.
O que diz o edital?
O edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) contém diretrizes específicas sobre a utilização de dispositivos eletrônicos e o atendimento especializado para candidatos com condições de saúde que exigem adaptações. De acordo com as normas gerais do edital, o uso de qualquer dispositivo eletrônico durante a prova é estritamente proibido, o que inclui celulares e outros aparelhos que possam emitir som ou interferir no ambiente de exame. Isso visa garantir igualdade de condições e segurança para todos os participantes.
Contudo, o edital do Enem prevê a possibilidade de atendimento especializado para candidatos que necessitam de condições específicas, como aqueles com deficiências, transtornos de desenvolvimento ou condições de saúde temporárias ou permanentes. Para solicitar esse atendimento, o candidato deve indicar suas necessidades no momento da inscrição e, em alguns casos, fornecer documentação comprobatória. Esse atendimento pode incluir salas de prova adaptadas, intervalos extras ou autorização para uso de aparelhos médicos.
Entretanto, a diabetes tipo 1, que requer monitoramento contínuo de glicose, não é automaticamente incluída na lista de condições que recebem atendimento especializado no Enem. Candidatos com essa condição devem solicitar adaptações específicas no momento da inscrição e, dependendo do caso, a solicitação pode ser avaliada e concedida individualmente. Isso pode ter gerado o problema para o estudante do Rio Grande do Sul, pois ele foi instruído a realizar a prova em uma sala regular, o que não levou em consideração as necessidades de uso do sensor de glicemia.
ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar