Saiba quem pode tomar a vacina contra a dengue em 2025
Os primeiros meses do ano geralmente apresentam um aumento nos casos de dengue, doença cuja incidência é diretamente influenciada pela temperatura e umidade. Embora a vacinação seja uma ferramenta crucial no combate à dengue, especialistas destacam que ela deve ser complementada por outras medidas de prevenção.
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica Takeda, para crianças de 10 a 14 anos. A escolha dessa faixa etária segue recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), visando reduzir hospitalizações em um grupo considerado de maior risco. Segundo a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, essa estratégia tem como objetivo minimizar o impacto nos serviços de saúde.
Desde o início da vacinação no SUS, em fevereiro de 2024, mais de 6 milhões de doses foram distribuídas, com cerca de 3,7 milhões já aplicadas em 1.921 municípios. O Ministério da Saúde adquiriu 9,5 milhões de doses para 2025, mas não planeja ampliar o público-alvo devido à capacidade limitada de produção da vacina e à necessidade de garantir a segunda dose para quem já recebeu a primeira.
No setor privado, a vacina está disponível para pessoas de 4 a 59 anos, com custos entre R$ 350 e R$ 490 por dose. No entanto, sua oferta é limitada, já que a prioridade é atender à demanda do SUS. A bula aprovada pela Anvisa permite a aplicação em pessoas a partir de 4 anos, mas não há estudos específicos para indivíduos com mais de 60 anos, o que pode indicar menor eficácia nessa faixa etária devido ao envelhecimento do sistema imunológico.
A Qdenga é uma vacina de vírus enfraquecido e é contraindicada para gestantes, lactantes, imunodeprimidos e pessoas com alergia grave aos componentes da fórmula. Quem apresentar reação adversa à primeira dose também não deve completar o esquema vacinal. Especialistas ressaltam que a adesão à segunda dose é essencial para garantir a eficácia da vacina, que oferece 61,2% de proteção contra casos confirmados de dengue e 84,1% contra hospitalizações.
Além da vacina, o combate à dengue exige medidas complementares, como o controle de criadouros do mosquito Aedes aegypti e a promoção de políticas públicas de prevenção. "A vacina é um recurso importante, mas não resolve o problema sozinha", alerta o infectologista Evaldo Stanislau.
No horizonte, o Instituto Butantan aguarda aprovação da Anvisa para sua vacina contra a dengue. Se liberada, poderá fornecer cerca de 100 milhões de doses ao SUS nos próximos três anos, com as primeiras entregas previstas ainda para este ano.
O Ministério da Saúde emitiu um alerta para o aumento de casos de dengue em 2025, impulsionado pela continuidade do fenômeno El Niño, que favorece a proliferação do mosquito transmissor. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná devem enfrentar os maiores desafios. A circulação do sorotipo 3, menos prevalente desde 2008, representa uma preocupação adicional, especialmente em regiões como o Amapá, São Paulo e Minas Gerais.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, afirmou que o governo tem intensificado ações de prevenção e controle, mas ressaltou a importância do preparo de estados e municípios para lidar com o aumento esperado de casos.
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ASSUNTOS: Saúde e Bem-estar