É comum ouvir pessoas reclamando sobre trânsito, clima, trabalho ou desafios financeiros. Para muitos, isso pode parecer uma prática inofensiva, ou até mesmo terapêutica, funcionando como uma válvula de escape para tensões do dia a dia.  

Contudo, quando o hábito de reclamar se torna constante, ele pode trazer impactos profundos na saúde emocional, mental e física, tanto de quem reclama quanto daqueles que convivem com as queixas.  

O queixume como fenômeno universal  
A reclamação ocasional é uma parte normal da experiência humana. Afinal, expressar insatisfação ou frustração é uma maneira de liberar emoções ou buscar validação social. No entanto, o problema surge quando o ato de reclamar se torna crônico e invade diversos aspectos da vida, desde relações pessoais até interações profissionais e sociais.  

Essa prática, potencializada pelas redes sociais, muitas vezes é usada como estratégia para atrair atenção ou engajamento. Infelizmente, o excesso de negatividade acaba influenciando a maneira como as pessoas percebem o mundo e interagem umas com as outras.  

O impacto no cérebro e na saúde mental  
A neurociência revela que o cérebro humano é naturalmente inclinado a identificar problemas e ameaças — um mecanismo evolutivo que favoreceu a sobrevivência de nossos ancestrais. Esse viés de negatividade, entretanto, pode se tornar prejudicial no mundo moderno, onde nem todas as adversidades representam riscos reais.  

Estudos mostram que o hábito de reclamar repetidamente pode causar mudanças estruturais no cérebro, comprometendo funções como a resolução de problemas e a tomada de decisões. Além disso, a prática está associada a sintomas de ansiedade, depressão e cansaço mental, alimentando um ciclo de insatisfação e lamúrias constantes.  

 Como mudar essa atitude?  
Felizmente, é possível adotar estratégias para reduzir o hábito de reclamar e melhorar a qualidade de vida:  

1. Pratique a gratidão: Reserve um momento para refletir sobre aspectos positivos da sua vida. Manter um diário de gratidão pode ajudar a mudar o foco do negativo para o positivo.  
2. Busque soluções: Em vez de se concentrar apenas no problema, procure listar ações que possam resolvê-lo, promovendo uma sensação de controle.  
3. Reveja sua linguagem: Adotar palavras mais positivas ou neutras pode alterar padrões de pensamento e melhorar a percepção de situações difíceis.  
4. Estabeleça limites: Evite conversas que reforcem o negativismo e proponha abordagens construtivas para lidar com dificuldades.  

Reconhecer o impacto negativo do queixume crônico é um passo essencial para promover mudanças saudáveis no comportamento. Adotar essas práticas, além de buscar apoio psicológico, pode transformar a maneira como enfrentamos os desafios e nos relacionamos com o mundo.