Abuso da PM é fruto do descrédito na Justiça, diz vice de Nunes a site
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O coronel Mello Araújo (PL), vice-prefeito eleito de São Paulo, afirmou que os policiais militares que cometeram abusos devem pagar "um preço muito caro" e que os casos são fruto de um descrédito na Justiça.
Abusos são "lamentáveis", disse Mello Araújo. No entanto, ele classificou os casos como isolados. "Temos milhares de atendimentos todos os dias. Aí surgiu uma sequência, e a imprensa fica com o olho mais aguçado", afirmou em entrevista ao site Metrópoles.
Sentimento de falta de justiça motivaria os casos, segundo o ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). "Não existe discussão, está errado. Mas precisamos entender por que está acontecendo isso. Estou falando de forma geral. Esse policial é da sociedade. Por que a sociedade está resolvendo os problemas da forma que entende que é certo, e não seguindo a lei?".
"Hoje você prende uma pessoa e sabe que ela vai ser solta. Quando começa a acontecer isso, as pessoas não acreditam mais na Justiça", disse o coronel Mello Araújo, vice-prefeito eleito de São Paulo.
Vice eleito vê chance "gigantesca" de policial perder a farda. O coronel comentou o caso do jovem jogado de ponte pelo soldado da PM Luan Felipe Alves Pereira. "Conheço a minha instituição. A Corregedoria é muito forte, bate pesado", afirmou.
Casos de violência policial repercutiram
No dia 1º deste mês, um PM jogou um homem de uma ponte na zona sul da capital paulista durante abordagem. O agente foi preso na manhã de quinta (5) e, segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), será expulso da corporação.
Na quarta (4), uma idosa e seu filho foram agredidos por um policial em Barueri. No dia 20 de novembro, o universitário Marco Acosta foi morto por um PM na Vila Mariana. Em 5 de novembro, um menino foi morto durante uma operação em Santos. Dois dias antes, um jovem foi morto com 11 tiros nas costas por um PM de folga.
São Paulo teve 678 mortes cometidas por agentes de segurança até outubro. Levantamento do UOL com base em dados da Secretaria da Segurança Pública mostra que o número é mais que o dobro do que o de 2022, ano anterior à gestão de Tarcísio de Freitas.
Governador admitiu que discurso dele dá "direcionamento errado" à tropa. "Nosso discurso tem peso, isso é fácil de ser percebido hoje. Tem uma reflexão profunda que tem que ser feita, de fato", disse ele. A declaração contrasta com outra, de março, quando Tarcísio disse "tô nem aí" sobre denúncias de violência policial durante operação na Baixada Santista.
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