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Acusado posou para foto enquanto imobilizava Moïse

Por Folha de São Paulo

14/03/2025 18h15 — em
Variedades


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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Durante o debate no julgamento do assassinato de Moïse Kabagambe, nesta sexta-feira (14), a Promotoria revelou um novo detalhe sobre a cena do crime. Segundo a acusação, imagens analisadas pelos investigadores mostram que, enquanto aplica um golpe no pescoço da vítima, para imobilizá-la, o réu Brendon Silva faz um sinal de "hang loose" com a mão —gesto de saudação com os dedos polegar e mindinho erguidos.

Além disso, a Promotoria apontou que Fábio Pirineus, outro réu no caso, teria limpado a câmera do celular e feito a foto do momento com o flash ativado. O registro, segundo os promotores, reforça a frieza dos envolvidos no crime.

A imagem foi exibida pela promotora Rita Madeira durante o júri popular que julga Fábio Pirineus da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, que respondem por homicídio doloso qualificado por motivo fútil, uso de meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

A 1ª Promotoria de Justiça atuou no julgamento com o suporte do Gaejuri (Grupo de Atuação Especializada do Tribunal do Júri). Essa foi a primeira atuação do núcleo criado em fevereiro.

Brendon Alexander Luz da Silva teve seu julgamento desmembrado do processo após um recurso da defesa, que ainda tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

A defesa sustenta que os réus agiram para proteger o gerente do quiosque, Jailton Pereira Campos, conhecido como Baixinho, que teria sido ameaçado por Moïse. No entanto, imagens exibidas no júri mostram a vítima sendo imobilizada e agredida, sem oferecer resistência.

O jovem congolês foi espancado até a morte em um quiosque da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, em 24 de janeiro de 2022.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro atua como assistente de acusação e busca, além da condenação dos réus, reparação financeira para a família de Moïse em uma ação cível por danos morais.

Por diversos momentos durante a sessão nesta sexta, quando foram exibidas imagens do crime e de Moïse morto, os parentes se emocionaram e precisaram ser amparados.

A advogada Flávia Fróes, que faz a defesa de Aleson Cristiano, afirma que "a motivação das agressões que resultaram na morte de Moïse foi a defesa de um idoso que estava sendo covardemente atacado por ele".

Já a advogada Hortência Menezes, que representa Fábio Pirineus, alega que seu cliente "nunca teve a intenção de matar Moïse, mas agiu para proteger um idoso indefeso, ameaçado por horas". Ainda segundo a defensora, "a morte de Moïse não teve qualquer motivação racial, xenofóbica ou trabalhista".

A defesa de Brendon Alexander nega as acusações.

O julgamento foi retomado nesta sexta, por volta das 10h40, com a fase de debates entre o Ministério Público, a assistência de acusação e a defesa.

A sessão foi suspensa por volta das 23h50 de quinta (13), após depoimentos de seis testemunhas e o interrogatório de dois dos réus.

Fábio Pirineus e Aleson Cristiano responderam apenas às perguntas de seus advogados, e se recusaram a falar com o Ministério Público e com o juiz do caso, Thiago Portes Vieira de Souza.

Ao todo, seis testemunhas devem ser ouvidas, entre 20 que foram convocadas inicialmente. A previsão é que a sentença seja anunciada nesta sexta.


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14/03/2025

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