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Amarelos e brancos têm maior oferta de infraestrutura urbana, diz Censo

Por Folha de São Paulo

17/04/2025 10h00 — em
Variedades


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LAJEADO, RS (FOLHAPRESS) - A população autodeclarada amarela tem acesso a uma oferta maior de infraestrutura urbana no Brasil, seguida pelos brancos, apontam novos dados do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta quinta (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pretos, pardos e indígenas ficam para trás nos indicadores investigados pelo órgão.

Para levantar as informações, o instituto cruzou dados de cor ou raça com dez quesitos investigados nas vias do entorno dos domicílios de áreas urbanas no país.

O levantamento aponta, por exemplo, que 96,3% dos amarelos moravam em vias com pavimentação em 2022, ante 91,3% dos brancos. Nos demais grupos, os percentuais foram menores: 87% entre os pretos, 86% entre os pardos e 72,2% entre os indígenas.

A população amarela também mostrou uma proporção mais elevada de habitantes (95,9%) que residiam em vias com capacidade para receber a circulação de veículos de maior porte –casos de caminhões ou ônibus.

O mesmo grupo ainda registrou percentuais mais altos de moradores que viviam em vias com bueiros ou boca de lobo (61,8%), com iluminação pública (98,8%), com pontos de ônibus ou vans (13,5%), com sinalização para bicicletas (4,2%), com presença de calçada ou passeio (94,6%), com rampa para cadeirantes (29,6%) e com pelo menos uma árvore (80%).

Em todos esses quesitos, os brancos registraram o segundo maior percentual.

Enquanto 29,6% dos amarelos e 19,2% dos brancos moravam em vias com rampas para cadeirantes, somente 11,9% dos pardos e 11,1% dos pretos estavam nessa situação. O percentual foi de 9,8% entre os indígenas.

Enquanto 80% dos amarelos e 70,6% dos brancos residiam em vias urbanas com pelo menos uma árvore, 62,7% dos pardos, 59,4% dos pretos e 58,5% dos indígenas estavam na mesma condição.

Quando a análise considera a população de áreas urbanas que convivia com obstáculos nas calçadas, os menores percentuais foram registrados entre indígenas (52,4%), amarelos (56,3%) e brancos (63,7%). Esse gargalo afetava mais os pardos (67%). A proporção foi de 65,2% entre os pretos.

Os dados integram a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios, que faz parte da operação do Censo. A reportagem questionou o IBGE sobre os motivos que poderiam explicar as diferenças entre os grupos, mas o órgão disse que isso não foi analisado no levantamento.

Historicamente, pretos e pardos sofrem com desigualdades socioeconômicas que se refletem em indicadores da área.

No caso dos indígenas, o instituto sugeriu cautela na análise. "É necessário que se leve em consideração as características sócio-organizativas das populações indígenas. Talvez não faça muito sentido haver ponto de ônibus ou calçada nas terras indígenas ou em áreas pesquisadas do entorno [dos domicílios] onde residiam moradores que se declararam indígenas", disse Jaison Luis Cervi, analista do IBGE responsável pela apresentação dos dados.


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