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Após morte de estudante em Itaquera, mulheres mudam rotina na região de terminal

Por Folha de São Paulo

26/04/2025 4h45 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mulheres que usam o terminal de metrô e ônibus Itaquera, na zona leste de São Paulo, relatam medo de circular pela região após o assassinato da estudante Bruna Oliveira, 28.

Além do caso que chocou o bairro, usuárias narram outros episódios recorrentes de violência, insegurança e falhas estruturais que tornam o trajeto diário uma ameaça constante.

Estudante da USP Leste (onde Bruna também estudava), Mayra Ribeiro afirma que várias colegas alteraram seus trajetos após o caso. "Não deveríamos ter que mudar nossos caminhos por causa da omissão do poder público".

Uma publicitária que mora na Vila Carmosina, em Itaquera, afirmou à reportagem viver sob alerta constante. Ela pediu para não ter seu nome divulgado exatamente por questões de segurança. Disse ainda que muitas vezes precisa voltar a pé do trabalho porque o ônibus demora mais de 20 minutos.

Afirmou também que chegou a mudar seus horários para estar acompanhada do noivo na hora de voltar para casa, mas, mesmo assim, segue com medo. Assim como outras pessoas, reclama de postes de iluminação apagados e ausência de policiamento.

Bruna foi vista pela última vez nos arredores da estação no último dia 13. Imagens mostram um homem abordando ela no local --o suspeito de ser o assassino da estudante foi encontrado morto esta semana.

Passageiras relatam também falhas frequentes no sinal de telefone no local, o que compromete a comunicação e pode ser perigoso em situações de emergência. Procuradas, as operadoras Tim, Vivo e Claro, associadas à Conexis Brasil Digital, disseram que "possuem antenas de alta capacidade que atendem ao terminal Itaquera e a todo o seu entorno com uma robusta infraestrutura de conectividade", e que monitoram suas redes para reforços quando necessário.

Galeria Corpo de mulher é encontrado em terreno na zona leste de São Paulo Vítima era Bruna Oliveira da Silva, estudante de mestrado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1829773808012694-corpo-de-mulher-e-encontrado-em-terreno-na-zona-leste-de-sao-paulo *** A ativista ambiental Juliana Costa, moradora de Itaquera desde a infância, também disse que sente medo ao circular pelo bairro onde cresceu. Segundo ela, o aumento de comércios na região não resultou em um espaço mais seguro. "Aqui, as mulheres são privadas do direito à cidade'', afirma ela.

O terminal também é conhecido por registros de assaltos e pela presença frequente de usuários da droga K9, o que contribui para a sensação de insegurança entre os passageiros.

Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que o 65º Distrito Policial (Artur Alvim), responsável pela área do terminal Itaquera, registrou 651 ocorrências de estupro, roubo e furto no primeiro bimestre de 2025 --queda de 6,73% em relação ao mesmo período de 2024, que teve 698 casos. O distrito passou da 29ª para a 31ª colocação entre os 94 da capital em número de crimes.

Apesar da queda em Itaquera, a violência contra a mulher aumentou em toda a cidade. No primeiro semestre de 2025, São Paulo registrou 10.795 casos envolvendo feminicídio e crimes contra a dignidade sexual --alta de 5,53% em comparação aos 10.229 casos do mesmo período de 2024.

Em nota, o Metrô informou que atua com mais de mil agentes em rondas permanentes em estações, plataformas e trens, com monitoramento por câmeras e apoio do Centro de Controle de Segurança. Ocorrências podem ser relatadas por SMS (97333-2252) ou pelo app Metrô Conecta. A empresa mantém ainda Postos Avançados de Atendimento à Mulher nas estações Luz e Santa Cecília, que oferecem atendimento humanizado para casos de violência.

A Prefeitura de São Paulo afirma que 99% dos abrigos sob concessão têm iluminação, e que o entorno do terminal conta com lâmpadas de LED e câmeras do programa Smart Sampa. O patrulhamento da Guarda Civil Metropolitana também foi reforçado, afirma a gestão Ricardo Nunes (MDB).

Já a SPTrans diz que o terminal funciona 24 horas, com 59 linhas --sendo dez noturnas--, e que ajustes de frota são feitos conforme a demanda.


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