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Atraso, apreensão e homenagem marcaram primeiro voo de rota pós-tragédia

Por Folha de São Paulo

10/08/2024 16h45 — em
Variedades



CASCAVEL, PR (FOLHAPRESS) - Na sala de embarque do aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, na manhã deste sábado (10), passageiros do primeiro voo pós-tragédia da rota até Cascavel aguardavam instruções sentados no chão. O embarque programado para as 7h40 atrasou mais de uma hora.

A explicação veio só depois, quando a aeronave modelo ATR-72, do mesmo tipo que caiu nesta sexta-feira (9) e vitimou 62 ocupantes, se preparava para decolar. "Infelizmente, nós tivemos que aguardar essa aeronave chegar de São José do Rio Preto, sai um pouquinho atrasado de lá, mas tenho certeza que todos vocês entendem", disse o piloto da empresa Voepass.

A aeronave que caiu na sexta em Vinhedo, no interior paulista, faria o trajeto na manhã de sábado, por isso, o remanejamento foi necessário.

Uma das únicas que ligam o oeste paranaense a São Paulo, a rota é usada por frequência por moradores de Cascavel, Marechal Cândido Rondon e outras cidades do entorno. "Estou apreensivo, dá para sentir a tensão no ar, não está como nas outras vezes", disse o consultor de negócios Paulo Feyh, 44, que faz a rota ao menos uma vez por mês para visitar os pais.

Na manhã deste sábado, ele embarcou para passar o Dia dos Pais com a família. Na noite anterior, conta que teve que tranquilizar a família, apreensiva com as imagens da tragédia. "Disse que a probabilidade de morrer voando é muito menor do que viajando de ônibus", disse. "Meus pais devem estar rezando a novena nessa hora", continou.

Assim como ele, a recepcionista Rafaella Voigt, 20, deixou São Paulo, onde mora, para comemorar o Dia dos Pais com a família em Cascavel. "A primeira coisa que eu pensei é que poderia ser eu, bate um medo", disse ela que se prepara para seguir a carreira de comissária de bordo.

"Quando soube do acidente, só pensei no que a tripulação pode ter feito. Só imaginava tudo voando dentro do avião", diz.

O tempo chuvoso e nublado na saída de Guarulhos dificultou o embarque dos passageiros, que se molharam no pequeno trajeto entre o ônibus que deixou todos na pista e a aeronave. O avião partiu com ao menos 15 lugares vazios, apesar do mapa de assentos quase completo no check-in online da empresa.

Antes de partir, o piloto enalteceu a segurança do modelo ATR-72 e pediu respeito à Voepass e orações aos tripulantes e passageiros que se foram na tragédia.

"É notório, todos vocês sabem do acidente que aconteceu ontem [sexta-feira] com nossos amigos aqui na base de São Paulo. Gostaria de dizer que é uma fatalidade. [Danilo Santos] Romano, o comandante, era meu amigo pessoal. Todo mundo que estava a bordo, eu conhecia há muito tempo", iniciou em cumprimento aos passageiros.

A Voepass disse que ainda não tem informações sobre a causa do acidente. Uma das hipóteses levantadas por especialistas até o momento é a possibilidade de que gelo tenha se acumulado nas asas da aeronave.

O pouso em Cascavel foi tranquilo e o único detalhe que remetia ao acidente era a presença de um ponto de atendimento da Defensoria Pública do Paraná montado no saguão do aeroporto para atender parentes de vítimas.


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