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BID lança aliança para troca de registros criminais entre países da América Latina e do Caribe

Por Folha de São Paulo

13/12/2024 18h45 — em
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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) lançou nesta semana uma aliança com 18 países para investir em medidas de prevenção e combate à violência e segurança pública na América Latina e no Caribe.

A iniciativa prevê o compartilhamento de registros criminais e ações conjuntas para combater o crime transnacional. Um dos focos será solucionar o problema ligado a crimes na amazônia. Está previsto um encontro entre países da região, incluindo o Brasil, para tratar do combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro ligada à mineração ilegal na floresta.

O banco reservou US$ 1 bilhão (R$ 6 bilhões) para investir em projetos ligados a programas sociais e que visem a fortalecer instituições e brecar o crime em 2025.

O presidente do BID, Ilan Goldfajn, afirmou que a segurança pública precisa fazer parte do progresso econômico dos países. Segundo ele, foram os próprios países que pediram auxílio para lidar com o crime organizado na amazônia.

"Esta é uma aliança que surgiu dos países, do seu desejo. Sempre que conversávamos com eles sobre qualquer aspecto econômico, eles sempre nos diziam que a segurança estava custando muito."

"Também sabemos que o crime organizado é responsável por metade dos homicídios na América Latina e no Caribe. E também estamos cientes agora de que o crime organizado não tem fronteiras nacionais, vai além das fronteiras nacionais, é uma organização regional", disse, destacando a necessidade do combate.

Estudo do BID mostra que os impactos diretos do crime e da violência custaram, em média, 3,4% do PIB da região, em 2022, índice também verificado em 2017.

Isso equivale, de acordo com o levantamento, a 78% do orçamento público para educação, o dobro do orçamento público para assistência social e 12 vezes o orçamento para pesquisa e desenvolvimento.

O banco calculou o impacto do custo em três áreas: perda de capital humano, como perda de tempo produtivo por crimes não letais e prisões, gastos com a mitigação do crime por empresas e os gastos públicos com prevenção de crimes e justiça criminal.

O custo na América Latina e Caribe é 42% superior ao de seis países europeus estudados pelo BID. O impacto do crime na Polônia, na Irlanda, na República Tcheca, em Portugal, nos Países Baixos e na Suécia representa em média 2% do PIB deles.

Coordenadora da área de segurança e justiça cidadã do BID, Nathalie Alvarado afirmou que o Brasil pode auxiliar os outros países da amazônia a identificar e combater crimes na região.

"Teremos uma reunião com outros países da amazônia especificamente para abordar temas como fluxos ilícitos e lavagem de dinheiro relacionados à mineração ilegal", disse.

A aliança foi lançada na última quinta-feira (12) em Barbados. Além do Brasil, fazem parte Argentina, Bahamas, Barbados, Belize, Chile, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai.

Outras 11 organizações também compõem o grupo: OEA (Organização dos Estados Americanos), Interpol, RSS (Regional Security System), Banco Mundial, Corporação Andina de Fomento, Caricom (Comunidade Caribenha), Iniciativa Global Contra o Crime Transnacional (GI-TOC), PADF (Fundação Pan Americana de Desenvolvimento), IILA (Instituto Italo-Latino Americano), Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e Banco de Desenvolvimento do Caribe.

Neste primeiro ano, a presidência temporária da aliança ficará com o Equador, enquanto o BID atuará como uma secretaria técnica, para oferecer apoio e mobilizar recursos. Haverá um comitê diretor e três grupos de trabalho para se dedicar a questões específicas de violência.

A aliança trabalhará em três pilares: proteger populações vulneráveis, fortalecer as instituições de segurança e justiça e reduzir os mercados ilícitos e os fluxos financeiros.

Ilan afimou que a ideia é atuar na área social, aproximando-se da juventude, para mostrar que há alternativas ao crime, e fortalecer a presença do Estado, incrementando órgãos como Ministério da Justiça, Secretarias de Justiça e outros.

"O crime organizado é, claro, uma grande organização que possui poder financeiro. E esse poder financeiro tem fluxos. E acho que podemos agrupar isso e trabalhar em como podemos abordar esses fluxos financeiros", disse o presidente do BID.


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