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Brasil registra, em média, 580 amputações anuais por câncer de pênis

Por Folha de São Paulo

01/02/2025 10h30 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de o câncer de pênis ser considerado um raro tipo de tumor, ainda apresenta altos índices no Brasil. Entre 2015 e 2024, foram registradas mais de 22,2 mil internações, 4,5 mil mortes e cerca de 580 amputações anuais, afirmam dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) obtidos junto ao Ministério da Saúde, divulgados neste sábado (1º).

A doença, embora evitável, afeta principalmente homens de regiões com menor acesso à informação e cuidados preventivos, segundo a SBU.

"O diagnóstico precoce é essencial para reduzir as taxas de amputação e mortalidade, mas muitos pacientes chegam ao tratamento com a doença em estágio avançado, devido à falta de acesso à saúde, vergonha ou desconhecimento", explica o urologista Alexandre Cavalcante, coordenador do departamento de urologia do Hospital Sírio-Libanês em Brasília.

Ele também diz que uma política eficaz de combate à doença deve focar na conscientização sobre a importância da higiene adequada e na orientação para que os homens busquem atendimento médico ao identificar lesões genitais que não cicatrizam ou aumentam de tamanho.

Os três estados com maior número de casos de neoplasias malignas de pênis —tumores cancerígenos que podem se desenvolver a partir de células anormais no tecido do pênis, são São Paulo, com 4.855 casos, seguido por Minas Gerais, com 2.777 casos, e Bahia, com 1.592 casos.

Os estados com maior número de óbitos relacionados ao câncer de pênis são São Paulo (724), Minas Gerais (426), e Bahia (407).

São Paulo ainda lidera as amputações (1.110), seguido por Minas (861), e Bahia (308). A alta densidade populacional contribui para um número absoluto maior de casos.

Além disso, a infraestrutura de saúde mais robusta em estados como São Paulo e Minas Gerais facilita a documentação e o acesso a serviços médicos, o que pode explicar a maior notificação de casos nessas áreas.

Profissionais da saúde destacam que a maioria dos casos de câncer de pênis ocorre em pacientes de baixa renda. Segundo Cavalcante, uma política eficaz de combate à doença deve incluir a conscientização sobre a importância da higiene adequada do órgão genital.

A penectomia total, cirurgia que remove o pênis, é uma medida extrema usada em casos avançados da doença, mas traz graves consequências físicas e emocionais, como dificuldade para urinar, perda da função sexual e impactos psicológicos.

Quando a cirurgia é necessária, o paciente e sua família precisam de apoio psicológico e orientação para lidar com as mudanças. "Técnicas cirúrgicas e acompanhamento emocional podem ajudar na adaptação e na melhora da qualidade de vida", diz o oncologista José Maurício Mota, da Oncologia D’Or, especializado no tratamento de tumores urológicos.

Os principais fatores de risco incluem higiene inadequada, fimose não tratada, infecção por HPV, tabagismo e condições socioeconômicas precárias. O HPV é um fator determinante. A vacinação está disponível gratuitamente para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Para adultos, é um imunizante de alto custo, o que dificulta o acesso.

Sintomas como feridas que não cicatrizam, sangramento, secreção com mau cheiro e caroços na virilha devem ser investigados imediatamente. "O diagnóstico precoce, que começa com o autocuidado e a identificação de lesões ainda pequenas, pode evitar muitas amputações", completa o oncologista.

Os médicos dizem ser importante destacar que o prepúcio, pele que cobre a glande, não causa câncer de pênis. No entanto, a fimose, condição que dificulta a exposição da glande, pode prejudicar a higiene adequada, levando ao acúmulo de sujeira e aumentando o risco da doença.

Muitos homens demoram a buscar ajuda por vergonha ou falta de informação, o que agrava a doença, dizem os especialistas. Os profissionais consultados pela reportagem reforçam que a prevenção é a melhor estratégia: higiene adequada, tratamento da fimose e vacinação contra o HPV são medidas essenciais.


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