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Casos do novo coronavírus sobem para oito; SP tem primeiros registros de transmissão local

Por Folha de São Paulo

05/03/2020 19h07 — em
Brasil



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Subiu para oito o número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus Sars-CoV-2 no Brasil. As informações são de plataforma do Ministério da Saúde criada para monitorar dados sobre a doença. Até esta quarta, o país tinha apenas três casos confirmados.

Segundo a pasta, entre os novos registros, estão dois casos de transmissão local, ambos em São Paulo. Esses são os primeiros casos ocorridos dentro do país, em pacientes sem histórico de viagens.

Um dos casos é de um familiar do primeiro paciente com o diagnóstico da doença covid-19 no país. O outro é de uma pessoa que teve contato com esse segundo caso.

De acordo com o secretário de vigilância em saúde do ministério, Wanderson Oliveira, como os casos estão ligados entre si, ainda não se pode dizer que há uma transmissão sustentada ou comunitária no país, mas sim uma transmissão local.

"Isso significa que o vírus não está produzindo doentes que não conseguimos identificar qual é a fonte. Todos os casos têm histórico de viagem ou histórico de contato com caso confirmado", disse. "O vírus está circulando dentro de um cluster [grupo]. É como se eu tivesse falando de uma transmissão restrita", diz.

Entre os casos confirmados até o momento, seis são em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. Um outro, registrado no Distrito Federal, deu positivo para o vírus em um exame da rede privada, e agora aguarda contraprova.

Também subiu para 636 o número de possíveis casos ainda em investigação. Outros 378 já foram descartados após exames.

De acordo com o ministério, além dos dois registros de transmissão local em São Paulo, os demais casos confirmados são de pacientes que estiveram em países da Europa.

No Rio de Janeiro, uma mulher de 27 anos que esteve na Itália e Alemanha em fevereiro teve exame positivo para o novo coronavírus. Ela apresentou sintomas como febre, tosse e falta de ar ainda durante a viagem, mas procurou atendimento apenas no Brasil, nove dias após a chegada.

Já no Espírito Santo, a confirmação veio após exames em uma mulher de 37 anos com histórico de viagem para a Itália.

Segundo o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, não há registro de casos graves. A maioria está em isolamento domiciliar.

Equipes de secretarias de saúde monitoram possíveis contatos. O número total não foi informado.

De acordo com o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira, todos os pacientes estão em isolamento domiciliar.

O único caso sem essa recomendação é o de uma adolescente de 13 anos que vive em São Paulo. Segundo Oliveira, resultado de exames apontaram que a estudante tem baixa carga viral para o vírus, o que indica baixa probabilidade de transmissão.

Testes em familiares também descartaram a doença. Apesar da medida, a adolescente permanece em casa, onde se recupera de uma cirurgia feita na Itália, devido a uma lesão no joelho.

Mais cedo, o Ministério da Saúde chegou a informar que o caso não entraria na lista de registros confirmados do covid-19. O motivo é o fato de ela não ter apresentado sintomas.

Após reunião com especialistas nesta quinta-feira (5), a pasta recuou da decisão e decidiu classificar o registro como confirmado.

A avaliação ocorreu devido a quatro pontos: 1) o fato de o exame ter dado positivo para o vírus, 2) o histórico de viagem da adolescente a uma área de alta transmissão, 3) o uso de medicamentos que podem ter escondido sintomas, como febre e 4) a possibilidade de que a adolescente ainda tenha sintomas.

À tarde, porém, Oliveira disse que é provável que se trate de um caso assintomático. "Considerando o início dos sintomas, a coleta do exame e a avaliação da carga viral, se ela tivesse em um período de viremia, de vírus circulando no organismo, essa carga viral seria elevada. E não foi isso que observamos. Por isso, para nós, ela não precisa de isolamento", diz Oliveira.

O caso era analisado desde quarta-feira (4), quando o resultado de um primeiro exame feito pela adolescente na rede privada deu positivo para o novo coronavírus. Testes de contraprova feitos pelo instituo Adolfo Lutz confirmaram a análise.

A adolescente, porém, não teve sintomas desde que chegou ao país. Segundo equipes do Ministério da Saúde, ela pode ter feito o teste porque esteve internada em um área onde há alta transmissão do novo vírus e ficou internada na Itália em um hospital devido a uma lesão no joelho.

Atualmente, não há recomendação para que casos sem sintomas sejam testados para o novo vírus. De acordo com Oliveira, a recomendação não será alterada.

Para ele, o aumento no número de casos em outros países "mostra claramente a impossibilidade de fazer contenção desse vírus". Apesar disso, ele diz que não há motivo para pânico, já que dados de outros países apontam baixa letalidade. "Mais de 80% dos casos são leves. É mais uma gripe", afirma.

Segundo o secretário, cabe à rede de saúde adotar medidas para evitar casos graves.

"Na hora que tivermos transmissão comunitária, vamos ter que mudar o modelo de atenção. Passo a lidar com os casos leves em unidades de atenção primária e os graves em hospitais", diz o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis.


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