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Conselho de Medicina aciona PF por mensagens com conteúdo anti-Lula em eleição de conselheiros

Por Folha de São Paulo

25/07/2024 15h30 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirma que acionou a PF (Polícia Federal) nesta terça-feira (23) após a circulação de postagens em redes sociais e mensagens de texto usando sua marca para apoiar candidatos nas eleições de seu plenário. A votação, que elege dois representantes de cada estado, está marcada para os dias 6 e 7 de agosto.

As postagens continham "peças gráficas" que imitavam a identidade visual do conselho, afirmou a organização em nota. Já as mensagens de texto abordavam médicos diretamente, fazendo propaganda para candidatos específicos, com mensagens contrárias ao presidente Lula.

A PF ainda não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.

Ambos foram feitos sem autorização prévia, afirma o Conselho. Questionado, o CFM não disse quando e para quem especificamente esse conteúdo teria sido divulgado.

"O Conselho Federal de Medicina produz e divulga apenas conteúdo de caráter informativo a respeito das eleições com o objetivo de estimular a ampla participação dos médicos brasileiros nesse pleito, não sendo compartilhadas informações de médicos -sob responsabilidade do sistema de conselhos- com outros indivíduos ou grupos", escreveu.

Uma das mensagens de texto primeira pedia que candidatos apoiassem a Chapa 2 do estado de São Paulo, a "única chapa anti-(L 13)", fazendo referência ao presidente Lula. Depois, uma segunda mensagem dizia "diga não à Chapa 2. Apoie quem defende a ciência de verdade! Apoie a Chapa 3".

Ambos textos começavam com os termos "CFM 2024" e foram enviados por um número não identificável.

O CFM sofre críticas devido à recente resolução que tentava impedir que o procedimento de assistolia fetal, indicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para aborto em caso de gestações avançadas, fosse realizado. A resolução foi um dos motores para a criação do PL Antiaborto por Estupro, que visava equiparar a pena daqueles que fazem aborto após a 22ª semana à reclusão prevista em caso de homicídio simples.

Na época, o presidente Lula foi cobrado por um posicionamento sobre a proposição, uma vez que ele já havia se declarado contrário ao aborto. Após pressão, afirmou ser contra o projeto de lei.

O médico Francisco Eduardo Cardoso Alves, candidato titular da Chapa 2, disse à reportagem que desconhece o autor da primeira mensagem e ninguém que ele conhece a recebeu. "Estou desconfiado que isso foi feito por alguém querendo me prejudicar. Fiz uma denúncia na Comissão Eleitoral do Cremesp [Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo] para investigarem o caso".

Em nota, o Cremesp disse que tem informações de que médicos estão fazendo propaganda por mensagens de texto, que não é leniente com a situação, e que a instituição não fornece informações cadastrais dos profissionais. "Tais mensagens são provenientes de plataformas anônimas inviabilizando assim a identificação de autoria".

A Comissão Regional Eleitoral do Cremesp não respondeu questões relacionadas à denúncia de Alves.

Suplente da Chapa 3, a médica Ilka de Fátima Santana Ferreira Boin afirmou que sua chapa não escreveu e "abomina" atos do tipo.

"Nossa chapa é apartidária, deseja o retorno da ciência e da boa prática médica no CFM. Apoiamos a intervenção da Polícia Federal. Descobrir os autores também é de nosso interesse".


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