Dengue faz 4 cidades do noroeste de SP decretarem emergência
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O alto número de casos de dengue registrados no final do ano passado e nos primeiros dias de 2025 fez com que quatro cidades da região noroeste do Estado de São Paulo decretassem situação de emergência em saúde pública devido à doença.
A declaração da emergência em São José do Rio Preto, Potirendaba, Glicério e Tanabi permite o emprego urgente de medidas de prevenção e contenção de riscos para epidemias, surtos, doenças emergentes e desastres, conforme definição do Ministério da Saúde.
A situação mais alarmante foi registrada na cidade de Glicério, que com apenas 4.084 habitantes já contabiliza 50 casos da doença neste ano, com incidência de um caso a cada 81 habitantes. Em todo o ano de 2024, o município registrou 83 casos de dengue, segundo a prefeitura.
Como medida de urgência, a prefeitura está fazendo a nebulização em todas as ruas da cidade e intensificou as visitas domiciliares feitas pelos agentes da Vigilância Epidemiológica e por agentes de saúde com o objetivo de eliminar criadouros, além de campanhas de conscientização à população.
"Temos encontrado resistência dos moradores, que muitas vezes não deixam os agentes entrarem nos imóveis alegando que o local está limpo e muitos têm reclamado das visitas, que se tornaram mais constantes", diz Lidiani Perassol, enfermeira responsável pela Vigilância Epidemiológica do município.
Com 18 mil habitantes, Potirendaba também decretou situação de emergência em saúde pública nesta terça-feira (6) devido aos casos da doença. Em janeiro foram seis casos positivos e 11 seguem em investigação, mas, segundo o município, a sobrecarga de casos começou em dezembro, quando a cidade teve 382 casos confirmados.
No ano passado 1.509 casos da doença foram contabilizados no município, número quase três vezes maior do que o registrado em 2023 (528). Duas mortes estão em investigação.
Para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, a prefeitura está fazendo um mutirão de limpeza e vistorias em borracharias e oficinas da cidade, onde os materiais são armazenados a céu aberto.
Os pneus velhos estão sendo recolhidos e aqueles que ainda podem ser reaproveitados receberam a aplicação de larvicida.
Porém as ações para enfrentar o mosquito transmissor da doença nem sempre são bem vistas pelos moradores. Em Tanabi, uma agente de saúde foi agredida por uma mulher enquanto vistoriava uma oficina mecânica na cidade, na terça-feira.
Segundo o boletim de ocorrência, registrado como agressão, a mulher puxou a agente de saúde pelo braço e jogou um balde de água nela. A suspeita seria moradora de uma casa próxima à oficina e não tinha vínculo com o local que estava sendo vistoriado.
A ampliação das vistorias de casas e estabelecimentos comerciais é uma das medidas adotadas pelo município, de pouco mais de 25 mil habitantes, no combate à doença.
Outras ações incluem a aplicação de inseticida em todas as ruas da cidade e a abertura de uma unidade de saúde aos finais de semana.
O Centro de Especialidade Erenilde de Paula Bula está funcionando para o atendimento de pacientes com sintomas da doença aos sábados e domingos, das 7h às 17h.
Centro de hidratação em São José do Rio Preto
São José do Rio Preto, maior cidade do noroeste paulista com 480 mil habitantes, também enfrenta alta nos casos de dengue.
Neste ano, o município já registrou 25 casos de dengue e essa tendência de alta vem desde o final do ano passado. Em dezembro, foram 7.084 notificações pela doença, com 1.660 confirmações. Outras 5.262 estão sendo investigadas e 162 foram descartadas.
Em todo o ano passado, esse número foi de 29.428 casos da doença, quase 80% a mais do que o registrado em 2023, quando 16.566 pessoas foram diagnosticadas com a doença.
Desde segunda, as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) dos bairros com maior índice de infestação tiveram ampliação do horário de atendimento e estão funcionando até as 22h.
Além disso, o centro de hidratação para pacientes com dengue, aberto em dezembro na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Jaguaré, recebeu mais 10 leitos. Atualmente, o local conta com 30 leitos e funciona 24 horas por dia.
"Estamos fortalecendo as UBSs para que as Unidades de Pronto Atendimento não fiquem sobrecarregadas. Nós também estamos monitorando continuamente o centro de hidratação, que hoje é suficiente para atender a demanda, no entanto, como os estudos mostram que existe previsão do aumento do número de casos nós já estamos reparando para que, se for necessário, haja um novo ponto de hidratação com a contratação de médicos, enfermeiros e todos os insumos para atender a população", disse Rubem Bottas, secretário de Saúde, em entrevista a jornalistas.
Quem já contraiu a doença nos primeiros dias do ano lamenta que a população ainda não cuide do próprio quintal e seja resistente às visitas dos agentes de endemias.
"Fiquei três dias ruim, sem conseguir comer e com muita dor no corpo. Só depois de buscar atendimento, ser medicada e receber hidratação que comecei a melhorar, mas mesmo assim ainda não consegui voltar à rotina. Muita gente nunca teve dengue, não sabe como é e por isso não toma os cuidados", disse Juliane Pires Domingos, moradora de São José do Rio Preto.
De acordo com o painel de monitoramento da doença da Secretaria Estadual da Saúde, foram registrados 215 casos de dengue, 369 casos prováveis da doença e 154 seguem em investigação no estado.
No ano passado, 2.119.837 pessoas tiveram a doença e 2.050 morreram. Em 2023 esse número foi de 326.872 casos, com 295 óbitos.
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