Denúncias contra médicos por receita de hormônios cresceram 120% em um ano, diz CFM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O número de denúncias e sindicâncias contra médicos que prescreveram hormônios cresceu 120% em um ano, afirmou o médico Francisco Eduardo Cardoso Alves, representante do CFM (Conselho Federal de Medicina) durante debate no Senado sobre os chamados "chips da beleza".
O dado foi apresentado após a Anvisa recuar na suspensão total dos implantes hormonais, no último dia 22. Em outubro, a agência havia proibido o uso tanto para fins médicos, estéticos e de performances os chamados anabolizantes.
Esta semana, a agência estabeleceu novas regras para garantir mais rigor na manipulação e venda de implantes hormonais. Entre as medidas, está a exigência de receita para compra desses produtos e esclarecimento ao paciente sobre os riscos.
O uso indiscriminado de hormônios foi criticado por entidades médicas após o registro de mortes e 257 complicações de saúde associadas à utilização de hormônios.
Em abril, o CFM já havia restringido implantes hormonais apenas para fins médicos, mas Alves afirma que a Anvisa cumpriu "certo exagero" ao fazer uma proibição irrestrita.
A preocupação de entidades como a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia) é que pacientes sejam receitados com implantes sem necessidade. Além disso, há um temor sobre a falta de controle de substâncias utilizadas nos implantes feitos em farmácias de manipulação.
Durante o debate no Senado, o médico Clayton Luiz Macedo, chefe do departamento de endocrinologia do esporte da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia), diz que os hormônios passaram a ser vendidos como cura para diversos problemas, o que criou um mercado de cursos sem especialização. Para ele, trata-se de um "problema de saúde pública".
A SBEM apoia a nova resolução da Anvisa. Em nota, a sociedade afirma que a resolução é mais um passo para uma "correta regulamentação" e que as farmácias de manipulação serão mais cobradas e responsabilizadas pela produção inadequada de implantes. Apesar disso, a sociedade reitera que a medida ainda não garante a segurança dos dispositivos.
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