Diretor é suspeito sumir com dinheiro de passeio em escola estadual de SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um ex-diretor da Escola Estadual Prudente de Moraes, no Bom Retiro, no centro de São Paulo, é suspeito de desaparecer com valores pagos pelas famílias para custear passeios e festas dos estudantes.
Segundo pais, Danyllo Elcio Leite da Rocha pediu exoneração no final de novembro de 2024 e trabalhou pela última vez na última segunda-feira (2).
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do estado afirmou que "a Polícia Civil localizou três registros de estelionato relacionados ao caso. Equipes do 2º Distrito Policial (Bom Retiro) realizam diligências para apurar o número de envolvidos, bem como identificar o autor do crime e possíveis testemunhas".
A escola fica na praça Coronel Fernando Prestes, ao lado da estação Tiradentes do metrô. Danyllo estava em grupos de mensagens com pais de estudantes usados para passar avisos e realizou arrecadações de valores com fins diversos.
Entre elas, havia solicitações para pagamentos de atividades da associação de pais e mestres do colégio, via Pix. A chave de transferência tinha endereço similar ao email oficial da escola, divulgado no portal Transparência Educação do Governo do Estado. Tratava-se, no entanto, de uma conta gratuita hospedada em outro servidor.
Quando a reportagem procurou pelo titular, a chave Pix em questão já havia sido desativada. Segundo pais que falaram com a reportagem, essa conta vinculada à chave também tinha sido utilizada para pagamentos relacionados ao recebimento de camiseta do uniforme escolar --que, em regra, é distribuído gratuitamente aos alunos do ensino público.
O grupo também centralizava arrecadações no valor de R$ 180 para custear suposto passeio dos alunos ao Animália Park, em Cotia.
Danyllo encaminhou entre setembro e novembro mensagens no grupo sobre formas de pagamento, cobranças e até mesmo documento com o crachá que teria confeccionado para a ida ao parque.
No dia 24 de setembro, Danyllo afirmou no grupo que tinha 253 autorizações assinadas por pais de alunos interessados, e que o pagamento do valor poderia ser feito em dinheiro ou Pix. Os pagamentos em dinheiro deveriam ser feitos para duas vice-diretoras, Rosana e Lucy, que também não trabalham mais na escola.
Ele também afirmou que iria ao passeio com as crianças e tomaria conta delas. "Garanto a vocês que farei o que estiver ao meu alcance para garantir segurança e felicidade aos pequenos nesse dia. Eu também vou, só confio eu mesmo olhando", dizia a mensagem, completada com emojis de estrela e girassol.
Apesar de toda a organização, o passeio não ocorreu. As devoluções de valores não foram realizadas, e outros responsáveis pela organização e recebimento de pagamentos saíram da escola ou se declaram vítimas de Danyllo.
Procurada, a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo e a Diretoria de Ensino da região Centro afirmaram que souberam do caso na terça (3) e promoveram uma diligência na escola nesta quinta (5) "para apurar o caso e identificar todos os responsáveis e, assim, tomar as medidas cabíveis". Na nota, os órgãos disseram que o ex-diretor "já responde a uma apuração preliminar que poderá se tornar processo administrativo e que pode resultar em um afastamento definitivo do serviço público".
FESTA DE FORMATURA FOI CANCELADA
No grupo também foi encaminhado um flyer a respeito de uma festa de formatura do 5º ano do ensino fundamental, com o que estaria incluído no valor de R$ 120 a ser pago pelos estudantes: beca, capelo, canudo, decoração, iluminação, bufê, bolo e DJ, entre outras coisas.
A última reunião sobre a formatura ocorreu no último sábado, dia 30 de novembro. Segundo relatos de pais, a nova vice-diretora queria saber se havia quórum para a realização da celebração, mas alguns pais já queriam pagar. Eles fizeram isso por Pix ou em espécie para um representante da festa.
Posteriormente, no entanto, alguns deles tiveram os valores devolvidos pela empresa ou por outro membro da direção. Não foi informado quantos pais fizeram o pagamento e quantos receberam o dinheiro de volta.
Segundo os pais, a situação da escola estava já há algum tempo sendo objeto de reclamação dos alunos. Uma mãe relatou que o filho "fica até 4 horas, durante a aula, sem fazer xixi, porque tem nojo do banheiro". Em vídeos enviados pelos pais à redação, há um banheiro molhado e com poças de líquido amarelo que parece ser urina.
Alguns pais relataram que estavam se reunindo para fazer a limpeza do local. Papéis jogados, ralos sujos e sem tampa, sujeira acumulada e lixos com marcas de vazamentos de líquidos no chão também estão nas fotos, recebidas de mais de uma fonte.
Os relatos apontam também que a comida da escola tinha condições duvidosas de higiene e que em alguns dias os alunos recebiam somente quatro bolachas do tipo água e sal ao longo do horário letivo.
ASSUNTOS: Variedades