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Falta luz e polícia onde aluna da USP foi morta

Por Folha de São Paulo

25/04/2025 11h15 — em
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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O sequestro seguido de assassinato de uma estudante da USP na última semana aumentou o medo já presente entre mulheres que, assim como a vítima, circulam pela região do terminal de ônibus e da estação de metrô de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Elas apontam falta de policiamento e de iluminação pública na região, mesmo após a repercussão do caso.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirma que o policiamento da área foi reforçado. A prefeitura diz que vai vistoriar a área onde ocorreu o crime.

O QUE ACONTECEU

Mulheres se sentem inseguras na região. A área ao redor do terminal é ocupada por galpões, construções e terrenos vazios. Além de moradores, aproximadamente 40 mil passageiros embarcam e desembarcam por ali ao longo do dia. A avenida Sport Club Corinthians Paulista, onde houve o ataque, é ponto de passagem de estudantes da Fatec Itaquera, da Etec Itaquera e de uma unidade Sesi/Senai.

Moradoras dizem que proteção é maior em noites de jogo. A estação fica a poucos minutos do estádio do Corinthians, a Neo Química Arena. Quase que semanalmente, torcedores ocupam o entorno do terminal para seguir em direção às partidas. Gabriela de Abreu, 28, que mora a algumas quadras do terminal, diz que costuma fazer o percurso para casa a pé e diz que já presenciou assaltos na região. Ela afirma que só nota a presença de polícia em dia de jogo.

"Eu moro aqui perto e sinto que é muito deserto, não é que nem as outras estações, com praças e comércio que chamam mais pessoas ao redor. Aqui é tudo muito deserto, então você só vê movimentação em dia de jogo, que é quando montam as barracas, a polícia aparece e tudo mais. Então eu acho que deveria ter mais postos policiais próximos, até porque tem colégios, tem a Fatec aqui próximo. Deveria ter mais policiamento, mais iluminação", disse Gabriela de Abreu, moradora.

O UOL esteve em Itaquera na noite de quarta-feira (23) e refez o trajeto da vítima. O trecho é escuro, pouco movimentado e não tem patrulhamento. Bruna deixou o terminal no sentido contrário ao da arena, e cruzou a Radial Leste e a Sport Club Corinthians antes de ser atacada, a cerca de 500 metros da estação. Imagens de câmeras de segurança, que mostraram o momento em que o criminoso aborda Bruna Oliveira da Silva, 28, revelam a falta de iluminação e de segurança no local. A reportagem circulou por 30 minutos pela região do terminal e não encontrou policiais.

"Você pode ver que aqui [na região] são poucos pontos que tem iluminação. Onde aconteceu [o crime] com a moça também não tem muita iluminação. Isso traz muita insegurança para nós, mulheres, principalmente na volta de faculdade, de escola, de trabalho. Eu acredito que esses sejam os principais pontos [de medo]", disse Isabela Monteiro, usuária do terminal.

Reforço da iluminação pública e pontos de ônibus com sistema de acompanhamento de passageiras poderia diminuir o medo. Em algumas regiões da cidade, há pontos de ônibus equipados com totens interativos, chamados de "Abrigo Amigo", que permitem a comunicação do usuário entre 20 horas e 5 horas com uma central de atendimento. No ponto de ônibus do trecho onde Bruna foi atacada não há o recurso.

Eu vejo muito em locais mais nobres, pontos de ônibus com acolhimento, que tem os totens de ligação caso precise. Acho que isso deveria ser implementado em todos os pontos da cidade de São Paulo, não somente da área nobre, mas também, principalmente, na zona leste, nas outras zonas que carecem muito dessa atenção.Isabela Monteiro, frequentadora do terminal

Após o assassinato, quem circula por ali passou a evitar a calçada onde a estudante foi atacada. A passagem é erma, tem uma construção inacabada e um galpão rodeado por chapas de aço e grades.

Enquanto a reportagem esteve no local, todas as mulheres passaram acompanhadas. Exceto uma. Ela caminhou pelo trecho sozinha e cruzou as duas avenidas que dão acesso ao terminal. Na volta, estava acompanhada de outras duas mulheres. "Fui buscar minhas filhas no terminal, para não voltarem sozinhas depois do que aconteceu ", disse. Ela não quis se identificar e evitou parar para conversar, por causa da insegurança. Bruna foi atacada enquanto voltava sozinha, a pé, para casa.

O QUE DIZEM A POLÍCIA E A PREFEITURA

"Foco em crimes contra a vida". Questionada pelo UOL sobre a ausência de patrulha no trecho citado na reportagem pelas moradoras, a SSP informou em nota que "o policiamento foi reforçado na região de Itaquera e as forças de segurança mantêm ações permanentes de combate a todas as modalidades criminosas, com foco especial nos crimes contra a vida, utilizando recursos de inteligência e tecnologia". Segundo o órgão, entre janeiro e fevereiro, 833 pessoas foram presas ou apreendidas e 44 armas, retiradas das ruas na área, onde atua a 7ª Delegacia Seccional.

Prefeitura promete vistoria e diz que reforçou ação da GCM (Guarda Civil Municipal). A gestão municipal informou que a região conta com rede de iluminação pública e disse que, após questionamento da reportagem, fará uma vistoria para verificar a situação do trecho onde ocorreu o crime. Em nota, disse ainda que há câmeras do Programa Smart Sampa no entorno do terminal , que a GCM "faz patrulhamento preventivo 24 horas por dia em toda a área da Subprefeitura de Itaquera e já intensificou as rondas na região".


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