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Incêndio na zona rural mata mais de 200 animais e destrói casas e lavouras em Pradópolis (SP)

Por Folha de São Paulo

26/08/2024 15h30 — em
Variedades



RIBEIRÃO PRETO, SP E PRADÓPOLIS, SP (FOLHAPRESS) - Os incêndios em série que atingiram São Paulo desde quinta-feira (22) mataram mais de 200 animais, destruíram moradias e plantações e deixaram um rastro de desalento na zona rural da região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), uma das mais atingidas pelos focos de queimadas.

Parte de um assentamento, com um acampamento anexo, composto por 360 famílias entre Guatapará e Pradópolis foi atingida pelo fogo, que destruiu totalmente pelo menos oito moradias e causou prejuízos diretos a ao menos outras 80 -fora os efeitos da fumaça intensa, que atingiu toda a área.

Os cerca de 40 minutos de chamas acabaram com tudo o que o agricultor Silvio Roberto Gomes, 55, acampado há 12 anos no local, tinha como forma de sustentar sua família.

Morreram 170 frangos e 15 porcos, além de soja, farelo de milho e silo para vaca que existiam no local. Ele calcula um prejuízo de R$ 70 mil.

"Morreram queimados todos os animais, perdemos também os alimentos deles. Tentamos fazer com que eles saíssem, mas morreram todos amontoados", disse. Só um porco conseguiu se salvar, mas ficou bastante ferido.

Os vizinhos ainda chegaram para ajudar a família de quatro pessoas apagar o fogo em volta da casa. "A prioridade é a casa, somos igual caramujo, né? O fogo é uma guerra, você não consegue combater ele. Quando você pensa que vai combater, ele vem mais forte", disse o agricultor.

No local há 18 anos, o agricultor Gilmar Ferreira Gomes disse que as famílias já enfrentavam dificuldades antes de o local sofrer devastação pelas chamas, que foram agravadas desde o final de semana.

O fogo não atingiu sua moradia, mas seu lote teve prejuízos com cercas e pastagens usadas para trato do gado. "Muita gente perdeu o que tinha para alimentar animais, então a gente apela para que usinas da região ajudem a não deixa-los morrer de fome", disse. Alguns assentados têm áreas de cana-de-açúcar arrendadas para usinas de etanol e açúcar da região de Ribeirão.

O cenário de perder tudo o que tinha com incêndio não é novidade para o agricultor Nelson Cardoso Junior, o Juninho, que sofreu perda total pela segunda vez somente neste ano graças às queimadas.

A primeira foi em janeiro, quando perdeu sua casa e tudo o que tinha nela. Conseguiu se reerguer parcialmente e, agora, sofreu novo revés no campo.

"A gente vem pelejando, pelejando e acaba tudo de novo. Foi um vento muito forte, não deu tempo para fazer nada. Sobramos só nós [a família]", disse ele, que mora com a esposa e um casal de filhos no local.

Desabrigado, precisou recorrer ao auxílio de familiares, que moram em Ribeirão Preto, mas afirma que não vai abandonar o sonho de viver no campo. "Vou conseguir me reerguer de novo", disse.

As famílias estão sendo auxiliadas por um grupo de voluntários de Pradópolis, que se uniu em busca de doações de alimentos básicos,

Embora localizada em Guatapará, a área atingida fica mais próxima de Pradópolis -10 quilômetros, ante os 17 quilômetros da área urbana do município em que se situa.

"A gente agradece muito as pessoas da cidade que estão arrecadando mantimentos e nos ajudando", disse Gomes. A Prefeitura de Pradópolis também enviou funcionários ao local.

A Defesa Civil e o Fundo Social do estado informaram que enviariam ajuda humanitária para Pradópolis, com colchões, água e cesta básica.

Pradópolis é uma das 48 cidades paulistas em alerta máximo para incêndio, segundo o governo estadual. Também da macrorregião de Ribeirão Preto estão na lista outras 20 cidades: Pontal, Monte Azul Paulista, Sertãozinho, Santo Antônio da Alegria, Boa Esperança do Sul, Pitangueiras, Dourado, Itápolis, São Simão, Bebedouro, Ibitinga, Tabatinga, Brodowski, Luís Antônio, Pedregulho, Tambaú, Altinópolis, Morro Agudo, Batatais e Barrinha.


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