Países europeus querem usar G20 para obrigar emergentes a contribuir com financiamento climático
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Países europeus querem usar o G20 para emplacar sua proposta de tornar obrigatórias as contribuições financeiras de países em desenvolvimento para mitigação e adaptação climática. Segundo um negociador, países europeus como França e Alemanha querem emplacar essa exigência na declaração final da cúpula do G20. Hoje, pelo Acordo de Paris, os emergentes podem fazer contribuições voluntárias, e só os países ricos têm essa obrigação.
Mas o Brasil e outros emergentes não admitem negociar este ponto e apontam para o fato de os países ricos nunca terem cumprido, na totalidade, a meta acertada no Acordo de Paris de 2015, de US$ 100 bilhões de financiamento anual.
Além disso, países ricos querem que recursos do Banco Mundial e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sejam contabilizados em suas metas de contribuição, segundo relatou um negociador. Também este ponto enfrenta oposição dos emergentes.
O tema da contribuição dos emergentes também está sendo debatido na reunião global do clima da ONU, a COP29, que ocorre até 22 de novembro em Baku (Azerbaijão).
Na visão do governo brasileiro, a atual cúpula do G20 é especialmente importante para as negociações climáticas, levando-se em conta que o presidente eleito americano, Donald Trump, declarou que vai retirar os EUA do Acordo de Paris quando assumir.
Com isso, o G20 será o único foro restante para discutir clima com a presença dos principais países ricos e dos emergentes -mesmo considerando que, em 3 dos 4 anos em que Trump participou da reunião do grupo em seu primeiro mandato, os Estados Unidos foram inflexíveis, e a cúpula terminou sem consenso por causa da questão climática.
Os líderes tiveram de fazer uma declaração no modelo 19 +1. Todos os países se comprometeram a apoiar as metas do Acordo do Clima de Paris, mas os EUA exigiram um parágrafo à parte, de dissenso, que começava dizendo que os EUA reiteravam sua decisão de se retirar do Acordo de Paris porque ele "prejudicava os trabalhadores e contribuintes americanos".
Desta vez, a saída dos EUA do Acordo de Paris será mais rápida.
Quando foi criado, o Acordo de Paris tinha um prazo de três anos para que um país pudesse deixar o tratado, o que atrasou a saída determinada por Trump. Os EUA acabaram concretizando a saída do acordo em novembro de 2020 --ação que foi, depois, revertida pelo presidente Joe Biden ao assumir.
Agora, não há mais essa limitação, os EUA podem deixar o acordo em um prazo de um ano. Portanto, se Trump anunciar logo após sua posse, em 20 de janeiro de 2025, a saída será concretizada em janeiro de 2026. Depois, portanto, da COP30, em Belém.
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