Protesto contra remoções na favela do Moinho termina em confronto e bombas de gás
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um protesto contra o plano do governo paulista de realocar moradores da favela do Moinho, no centro de São Paulo, terminou em confronto no início da noite desta terça-feira (15). A Polícia Militar.

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O ato com aproximadamente 200 pessoas, entre moradores, pessoas ligadas a movimentos de moradia e outras com camisetas de partidos políticos, seguia pacífico pela avenida Ipiranga com destino à Câmara Municipal de São Paulo.
Quando passava sobre o viaduto Nove de Julho, próximo ao início da rua da Consolação, motociclistas tentaram furar a manifestação, tentando passar pelo lado da avenida, dando início à confusão.
Um dos manifestantes foi para cima de um policial, que reagiu com o cassetete. Em seguida, outros PMs chegaram, aumentando o confronto. Nesse momento, houve disparos de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, dando início a uma correria.
Essa confusão ocorreu na parte final do protesto. Na frente, os líderes já haviam chegado à Câmara Municipal, em frente ao Palácio Anchieta, onde três das seis faixas do viaduto Jacareí foram interditadas.
Como é horário de pico de saída dos trabalhadores para suas casas, o protesto travou o trânsito, criando um grande congestionamento.
Para evitar que os manifestantes invadissem a Câmara, a Tropa de Choque da PM se postou em linha, bloqueando a passagem. O grupo negociou a entrada no prédio, onde ocorria a sessão ordinária da Câmara. Mas acabou desistindo e passou a negociar com a PM uma escolta para voltar à favela.
Harold de Araújo, 23, nasceu na favela do Moinho e foi ferido por uma bala de borracha no braço direito durante a confusão. Ele foi um dos que bloquearam a passagem dos motociclistas.
Auxiliar de serviços gerais, ele conta que ganha apenas um salário mínimo para pagar todas as despesas dele e da mãe, com quem mora. Ela não possui renda, diz.
Assim como outros moradores, Araújo é contra o plano do governo Tarcísio de Freitas de remoção da favela do Moinho. Ele afirma não ter renda suficiente para arcar com o financiamento e outras despesas relacionadas a uma mudança para um apartamento fora da comunidade.
"A proposta não é boa porque não é aceitável em lugar nenhum. Como que você vai botar os moradores para pagar um apartamento, sendo que não temos condição nem de sobreviver direito? Estamos batalhando para sobreviver, para se alimentar, e os caras estão empurrando um apartamento para nós que não temos condição de pagar. Eu levei o documento, mas quando saquei a proposta, não aceitei. Vou resistir até o final", conta Araújo.
Segundo a gestão estadual, 84% das famílias já aceitaram a proposta habitacional apresentada para a remoção da favela. Cenário de incêndios, disputas por posse e alvo de uma recente megaoperação policial contra o tráfico de drogas, a densa ocupação murada cresceu nas últimas três décadas entre duas ferrovias na divisa dos bairros Campos Elíseos e Bom Retiro. Agora, sua retirada divide opiniões.
Segundo a gestão Tarcísio, 513 das 813 famílias aderiram oficialmente à proposta. Assim, o governo afirma ter condições de transferir todos os residentes para habitações subsidiadas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Esse é o número de famílias que entregaram documentação completa para ingressar no programa, sendo que 444 já teriam o destino definido.
Outras 172 também teriam aceitado a oferta habitacional, mas ainda devem documentos à companhia, segundo o governo.
Parte da comunidade, no entanto, se recusa a sair. Esse grupo diz que a adesão dos moradores ocorre diante do temor de uma retirada à força e sem qualquer compensação.

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