Sintomas fisiológicos da menopausa são subestimados, diz pesquisa
ouça este conteúdo
|
readme
|
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A menopausa ainda é um tabu para muitas mulheres, que enfrentam dificuldades para falar sobre as mudanças e os desafios desse período. No Brasil, 72% das que passaram por esse período acreditam que seus sintomas frequentes não são levados a sério.

Acertos e erros nas operações contra garimpo ilegal na Amazônia
Os sintomas fisiológicos da menopausa costumam ser subestimados, enquanto os psicológicos recebem mais atenção do público em geral. Essas são algumas das conclusões do estudo "Experiência e Atitudes na Menopausa", encomendado pela farmacêutica Astellas e apresentado neste mês.
A pesquisa investiga o estigma associado à menopausa em seis países: Brasil, Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos e México. Os dados foram coletados entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, envolvendo 13.800 pessoas, em cada país esse número foi distribuído em 2.000 pessoas do público geral e 300 mulheres entre 40 e 55 anos.
O termo "menopausa" refere-se à interrupção da menstruação, que ocorre quando os ovários reduzem a produção dos hormônios femininos até o encerramento do ciclo menstrual. Esse processo geralmente acontece por volta dos 50 anos, mas a transição é gradual, variando de mulher para mulher.
Tanto no Brasil quanto globalmente, os sintomas fisiológicos, como ondas de calor, suores noturnos, ganho de peso e secura vaginal, tendem a ser subestimados. Entre as mulheres entrevistadas no país, 99% relataram impactos fisiológicos significativos, sendo os mais comuns: ondas de calor (62%), suores noturnos (45%), alterações de humor (47%), sono interrompido (33%) e confusão mental (8%).
Por outro lado, os sintomas psicológicos recebem mais atenção. No Brasil, as alterações de humor, irritação e mudanças no ciclo menstrual são amplamente reconhecidas. Entre as mulheres que vivenciaram a menopausa, 79% relataram sentimentos psicológicos negativos, como ansiedade (58%), depressão (26%), constrangimento (20%) e vergonha (16%). Globalmente, os sintomas mais superestimados incluem alterações de humor, sensação de irritação e ansiedade.
O estudo revela uma discrepância entre a percepção do público e a experiência real das mulheres. Além disso, destaca o impacto significativo da menopausa na saúde mental e no bem-estar geral.
No Brasil, os sintomas mais mencionados pelo público geral são ondas de calor (50%), alterações de humor (34%) e mudanças no ciclo menstrual (30%). Entre as mulheres que passaram pela menopausa, 62% afirmaram que as ondas de calor tiveram um impacto severo.
"Um estudo americano mostrou que as queixas de calor podem durar entre três e sete anos", afirmou Maria Celeste Osório Wender, presidente da Febrasgo, durante o lançamento da pesquisa.
Apesar da alta frequência, a pesquisa da Astellas indica que as ondas de calor são subestimadas pelo público geral em comparação com a percepção das mulheres que passaram pela menopausa, com uma diferença de -9%.
Curiosamente, as ondas de calor são o tema mais abordado na mídia sobre menopausa, citado por 47% dos entrevistados no Brasil. No entanto, a médica destaca que outros sintomas, como o aumento do risco cardiovascular devido a alterações metabólicas e a osteoporose, são pouco discutidos.
A pesquisa aponta que a menopausa é retratada de forma negativa e imprecisa na mídia, o que pode contribuir para a falta de conhecimento e para a manutenção de estigmas. Apenas 28% dos brasileiros acreditam que a menopausa é representada positivamente na sociedade, e esse número cai para 24% entre as mulheres que já vivenciaram essa fase. Apenas 34% consideram sua representação na mídia adequada.
Além da priorização de alguns sintomas em detrimento de outros, a pesquisa indica que certos temas são mais abordados, como o envelhecimento, enquanto impactos no ambiente de trabalho e na saúde mental recebem menos atenção.
Essas representações equivocadas contribuem para o desconhecimento sobre a menopausa. Apenas 30% dos brasileiros acreditam ter conhecimento sobre os sintomas, número que sobe para 42% entre as mulheres que já passaram por essa fase. Tanto no Brasil quanto globalmente, a menopausa ainda é vista como um tabu, e muitas pessoas se sentem desconfortáveis em falar sobre o assunto.
Na prática, para tentar mudar esse cenário, existem projetos de leis e leis municipais que visam a conscientização do tema. É o caso do PL 4574/2021 que propõe a criação do Programa de Atenção a Mulheres na Menopausa e Climatério, conservisços que serão ofertados pelo SUS. Em São Paulo, foi aprovada uma lei em dezembro de 2024 que prevê assistência à mulheres na menopausa e climatério, além de promover a Semana Estadual de Conscientização para Mulheres no Climatério e Menopausa anualmente na primeira quinzena de março.
"Embora o tema ainda seja pouco discutido, é um avanço o fato de que hoje se falar mais sobre menopausa do que no passado", afirma Osório Wender. "É interessante refletir sobre por que esse tema não recebia tanta atenção antes e como, apesar das lacunas de informação, há um crescimento no interesse e na busca por conhecimento."
Para a médica, pesquisas como essa são fundamentais para entender a relevância do tema e seu impacto na vida de um grande número de mulheres, que no Brasil são maioria da população.

ASSUNTOS: Variedades