SP não pode considerar morte de crianças como aceitável em ações da PM, dizem entidades
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A morte de Ryan da Silva Andrade Santos, 4, baleado enquanto brincava no morro São Bento, em Santos, na Baixada Santista, na noite de terça-feira (5), provocou entidades, políticos e a Ouvidoria da Polícia a se manifestarem de forma conjunta.
Órgãos como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto Sou da Paz e o Movimento Independente Mães de Maio classificaram como inadmissível a morte do menino.
Ryan teria sido baleado durante uma troca de tiros entre policiais militares e homens em uma moto, segundo o posicionamento oficial da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
À Folha a mãe do menino, a cozinheira escolar Beatriz da Silva, 29, disse que o filho estava com cerca de 15 crianças quando foi atingido. Ela afirmou que os policiais perseguiam homens em uma motocicleta. Segunda ela, os suspeitos não atiraram, apenas os policiais militares.
"É inadmissível que a gestão da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, assim como o comando da PMESP [Polícia Militar do Estado de São Paulo], considere a morte, sobretudo de crianças, como um resultado aceitável da atuação das forças policiais", diz trecho da nota divulgada na tarde desta quarta-feira (6).
O grupo que assina o manifesto manifestou repúdio e indignação à morte de Gregory Ribeiro Vasconcelos, 17. Ele foi baleado na mesma ação que matou Ryan. Um outro adolescente de 17 anos também ficou ferido.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta (6), o coronel Emerson Massera afirmou que, pela dinâmica dos fatos, o tiro que matou a criança provavelmente partiu da arma de um policial. Ele citou o histórico criminal do pai da criança, morto durante a Operação Verão com tiros de fuzil disparados por dois policiais militares.
O texto assinado pelas entidades também lembra duas vítimas de ações recentes da Polícia Militar. Um menino de sete que seguia para a escola e que ficou cego de uma vista após uma ação de policiais militares na favela Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, em abril. E da morte de Edneia Fernandes Silva, mãe de seis crianças, atingida por um tiro na cabeça em uma praça de Santos, durante uma ação de policiais militares em março durante a Operação Verão.
"Fica evidente que a trágica morte de Ryan não é um incidente isolado, mas sim consequência de um modo de atuação pautado pelo conflito e uso da força desmedida, que promove mortes e a violação de direitos fundamentais, sobretudo nas periferias do estado".
QUEM ASSINA A NOTA
- Associação AMPARAR
- Bancada Feminista - Deputada Estadual
- Centro de Direitos Humanos e Educação Popular
- Comissão Arns
- Conectas Direitos Humanos
- Ediane Maria - Deputada Estadual
- Eduardo Suplicy - Deputado Estadual
- Fórum Brasileiro de Segurança Pública
- Instituto Sou da Paz
- Instituto Vladimir Herzog
- Movimento Independente Mães de Maio
- Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo
- Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio
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