Tarcísio diz que quem joga pessoa da ponte ou atira pelas costas não está à altura da farda
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse na manhã desta terça-feira (3) que policial militar que "atira pelas costas" ou "chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte" não está à altura de usar a farda da corporação.
Em publicação nas redes sociais, o governador afirmou ainda que os casos serão "investigados e rigorosamente punidos".
Em um dos casos, um policial militar de São Paulo foi flagrado jogando um homem do alto de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital. O vídeo foi divulgado primeiro pelo Jornal da Globo e pela GloboNews.
As imagens, que teriam sido registradas na madrugada de segunda-feira (2), mostram um policial levantando uma moto do chão. Em seguida, outros dois PMs se aproximam, enquanto o primeiro encosta o veículo perto da ponte. Um quarto policial chega logo depois, segurando um homem que vestia uma camiseta azul. Esse homem é arremessado pelo PM.
O outro caso ocorreu no dia 3 de novembro. Gabriel Renal da Silva Soares, um homem negro de 26 anos, foi morto a tiros pelas costas disparados por um policial militar de folga em frente a um mercado no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo.
Os disparos ocorreram depois quando o rapaz tenta deixar o local levando produtos de limpeza furtados. Imagens de câmeras de segurança mostraram toda a ação.
Tarcísio afirmou ainda que a Policia Militar de São Paulo é uma instituição que "preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas" e que os policiais estão na rua para "enfrentar o crime e fazer com que as pessoas se sintam seguras".
A nota foi publicada pouco antes de ele chegar a uma solenidade na Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo), em Pinheiros, para a assinatura de autorização para o lançamento de uma linha de crédito para apoiar o setor de radiodifusão em São Paulo.
Na ocasião, o governador também deu uma entrevista no novo estúdio da entidade, descerrou a nova placa da associação, que passou por reforma, e conversou com os dirigentes, mas evitou falar com a imprensa e não deu declarações.
Apesar de ocorrer enquanto o governo lidava com a crise criada pela ação violenta da polícia, o evento teve clima ameno. O governador chegou a cantar um trecho da música "Boate Azul" durante a entrevista à Aesp.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, também condenou a ação do policial militar flagrado arremessando o homem do alto da ponte. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele disse que lamentava o caso, mas afirmou se tratar de "ações isoladas".
"Ações isoladas como essa não podem denegrir a imagem de uma instituição que tem quase 200 anos de bons serviços prestados para a nossa população no Estado de São Paulo. Não vamos tolerar nenhum tipo de desvio de conduta de nenhum policial no Estado de São Paulo", afirmou.
Não há informações sobre a identidade e o destino da vítima após ter sido jogada no rio.
O homem teria sido arremessado depois de uma perseguição policial. Os agentes envolvidos são do 24º Batalhão da Polícia Militar, em Diadema.
O procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, afirmou nesta terça-feira (3) que determinará que o Gaesp (Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública) una-se ao promotor do caso para que a Promotoria "envide todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população."
Os casos das últimas semanas ocorrem em meio a uma alta nas mortes causadas por policiais. Nos dados acumulados de janeiro a setembro, o número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no estado de São Paulo cresceu 82% na comparação dos primeiros nove meses de 2024 com o mesmo período de 2023. Foram 474 mortes registradas de janeiro a setembro deste ano, ante 261 em 2023, segundo dados publicados no site da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Na capital paulista, nos nove primeiros meses deste ano, 193 pessoas foram mortas em ações envolvendo policiais militares em serviço. O número é 93% superior ao do mesmo período de 2023, quando foram registrados 100 casos.
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