Tarcísio recebe resultado de testes com novas câmeras da PM em reunião com coronéis
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reuniu-se na manhã desta terça-feira (10) com coronéis da Polícia Militar, na sede do Copom, região central de São Paulo. O encontro se dá em meio à crise na gestão da segurança pública do estado, deflagrada por casos de violência policial.
Conforme a Folha de S.Paulo apurou, o governador e o secretário da Segurança, Guilherme Derrite, conheceram os resultados dos testes da nova tecnologia empregadas nas câmeras corporais a serem utilizadas pela tropa, em substituição ao sistema grava-tudo, cujas captação de imagens independe da vontade do PM.
Esse resultado deve ser apresentado publicamente pelo governo paulista em breve e pode ser utilizado também para convencer o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso de que o novo modelo de câmeras é mais eficiente do que o atual.
Nesta segunda-feira (9), o ministro do Supremo determinou o uso obrigatório de câmeras corporais por policiais no modelo atual, com gravação ininterrupta, conforme sistema implantado no governo de João Doria (PSDB) que vinha sendo modelo para outras polícias do mundo.
Além de Freitas e Tarcísio e um grupo de coronéis da PM, também participaram da reunião integrantes da Secretaria da Segurança, da comunicação do Palácio dos Bandeirantes e engenheiros da Motorola, empresa que venceu a licitação do governo paulista.
Pessoas que participaram da reunião ouvidas pela reportagem disseram que o governador pareceu otimista com os resultados, embora a decisão de manter ou não o modelo atual vai depender mais de uma avaliação e decisões jurídicas do que de questões técnicas.
Um dos pontos é a impossibilidade de o policial desligar a câmera quando acionada remotamente pelo Copom, quando, por exemplo, encaminhar uma patrulha para ocorrência.
Antes mesmo de assumir o governo, Tarcísio criticava o uso das câmeras pela PM. Seu discurso foi se alterando até que, neste mês, admitiu estar completamente errado nas afirmações feitas anteriormente. Isso ocorreu após ter sido deflagrada uma crise envolvendo violência policial.
A grande mudança ocorreu após um vídeo ter mostrado um PM atirando uma pessoa de uma ponte, na zona sul da capital. O caso se somou a outros, também flagrados em filmagens, e lançou questionamentos sobre a manutenção de Derrite no comando da secretaria.
O governador confirmou que o secretário segue no cargo, mas mudou o tom em relação aos crimes cometidos por policiais. Policiais ouvidos pela reportagem afirmam que o sentimento é de que, pela primeira vez, Derrite corre risco de queda.
Até porque a troca do comando da PM, que também vendo sendo cogitada, seria insuficiente para afastar o noticiário negativo que draga o governo como um todo.
Tarcísio indicou na semana passada que fará um freio de arrumação na gestão da PM. Antes, a gestão havia acenado na direção de defender policiais acusados de excessos durante abordagens. Durante um evento após a deflagração da crise, o governador chegou a dizer que errou a questionar o uso de câmeras corporais.
"Eu admito, estava errado. Eu me enganei, e não tem nenhum problema eu chegar aqui e dizer para vocês que eu me enganei, que eu estava errado, que tinha uma visão equivocada sobre a importância das câmeras [corporais]", disse o governador na sexta-feira (5). "Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada."
No início deste ano, foi feita uma série de trocas na cúpula da PM. As mudanças incluíram a exoneração do então número 2 da corporação, o coronel José Alexander de Albuquerque Freixo. Ao todo, foram movimentados 34 coronéis, de um total de 63.
A medida revoltou grande parte dos oficiais superiores da corporação. Isso porque a maioria dos coronéis ficou sabendo das trocas pelo Diário Oficial, um gesto considerado desrespeitoso para pessoas que dedicaram décadas à corporação e foram tratados como recrutas.
A nova configuração da PM apontou para um possível recrudescimento na política de segurança do estado. Com as mudanças, os cargos mais importantes da instituição passaram a ser ocupados exclusivamente por coronéis com experiência na Rota.
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