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Vice-cônsul da Colômbia é baleada após policial à paisana reagir a assalto em SP

Por Folha de São Paulo

14/03/2025 18h15 — em
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A vice-cônsul da Colômbia, Claudia Ortiz Vaca, foi atingida por uma bala perdida na manhã desta sexta-feira (14), em São Paulo.

"O Ministério das Relações Exteriores informa que, nas últimas horas, nossa vice-cônsul em São Paulo-Brasil, Claudia Ortiz Vaca, foi vítima de um tiro, que, segundo as investigações preliminares fornecidas pelas autoridades brasileiras, foi uma bala perdida no meio de um assalto a outras pessoas", disse o consulado em comunicado.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, Ortiz foi levada ao Hospital Israelita Albert Einstein, passou por cirurgia para a retirada do projétil e seu quadro é estável. O governo de Gustavo Petro diz que acompanha as investigações e está apoiando a família da vice-cônsul.

Conforme a Polícia Civil, a tentativa de assalto ocorreu na avenida Nove de Julho, na altura do número 3.332. Criminosos abordaram um táxi, um deles quebrou o vidro traseiro do veículo e tentou arrancar violentamente o celular da passageira. Um policial à paisana, que estava em um carro de aplicativo atrás, viu a ação e interveio com disparos.

Ortiz passava a pé pelo local e foi atingida na região da cintura. Ela está em São Paulo desde janeiro de 2024, quando foi designada ao cargo pelo então ministro das Relações Exteriores do país sul-americano, Álvaro Leyva.

Um suspeito de 19 anos foi detido. Ele tinha um mandado de prisão em aberto desde 2023, por latrocínio (roubo seguido de morte). De acordo com a polícia, ele confirmou ter participado da tentativa de roubo.

Mais tarde, por volta das 14h33, outro suspeito foi detido próximo da sua residência, no bairro da Bela Vista, por equipes da PM.

Segundo boletim de ocorrência, o taxista afirmou que, por volta das 7h40, estava parado em um semáforo com uma passageira que ele levaria até o terminal rodoviário da Barra Funda, na zona oeste, quando um "ladrão que usava camiseta preta e bermuda cinza" se aproximou da porta traseira esquerda do táxi.

O outro homem foi para o lado direito, onde estava a vítima, quebrou o vidro e "mergulhou dentro do carro e começou a lutar [com ela] para pegar o telefone que tinha caído no chão, dentro do veículo".

O motorista disse ter agarrado o suspeito que estava do seu lado, mas que o soltou quando o parceiro dele colocou a mão na cintura como se fosse sacar uma arma de fogo. Como o semáforo abriu, ele avançou com o veículo e ouviu disparos. O taxista afirmou que chegou a pensar que o ladrão tivesse disparado contra outra vítima ou contra seu carro.

Como um outro taxista emparelhou com ele e disse que o "ladrão tinha sido preso", o motorista avisou à passageira, que chorava muito, que teria de voltar ao local. Ali soube que disparos tinham sido feitos por um policial.

Na delegacia, o PM contou que estava em u m carro de aplicativo, dois veículos atrás do táxi, quando percebeu que uma passageira estava sendo roubada.

Como um dos autores fez um movimento estranho e rápido, colocando a mão na cintura, disse ter sacado sua arma, se identificado como policial, e efetuado "alguns disparos". Foi quando percebeu que a vice-cônsul da Colômbia havia caído no chão. A partir daí afirmou ter socorrido a vítima, que estava consciente, e que buscou estabilizá-la.

Cerca de dez minutos depois, durante patrulhamento, uma equipe da Polícia Militar flagrou um Volkswagen Nivus branco, que teria sido usado na fuga pelos ladrões, na rua Manoel Dutra, Bela Vista. O motorista, que estava sozinho, tentou fugir, mas acabou interceptado e detido com a ajuda de outra viatura.

Ao ser questionado sobre a tentativa de roubo na avenida Nove de Julho, de acordo com boletim de ocorrência, ele confirmou estar envolvido. Conforme o documento policial, ele estava acompanhado de advogado, mas ficou em silêncio na delegacia. Foi pedida prisão preventiva, ou seja, sem prazo para liberação. O caso foi registrado no 78° DP (Jardins).

MEDO EM SP

O caso se soma a uma série de outros episódios, registrados como latrocínio, que resultaram em mortes em São Paulo.

Nesta quinta-feira (13), José Domingos da Silva, um agente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de 48 anos, foi morto a tiros na zona oeste de São Paulo.

Segundo a SSP, um motociclista e o agente se envolveram em uma discussão e o condutor da moto atirou no funcionário da CET e fugiu. O caso foi registrado inicialmente como homicídio no 89° DP, que solicitou assessoramento ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), mas depois foi retificado como latrocínio.

No fim de fevereiro, no dia 25, um homem também foi morto a tiros durante um assalto em um ponto de ônibus na zona oeste da cidade de São Paulo.

O crime aconteceu por volta das 6h, no km 15, da rodovia Raposo Tavares, região do Butantã. Dois homens em uma moto fizeram um arrastão entre as pessoas que estavam no ponto de ônibus.

Também em fevereiro, no dia 13, Vitor Medrado, um ciclista de 46 anos, foi morto ao lado do Parque do Povo, no Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo.

Uma câmera de monitoramento gravou a dinâmica do crime. Por volta das 6h10 do dia 13, Medrado, conhecido como Vitão ou Mineirinho, estava parado na calçada da rua Brigadeiro Haroldo Veloso e aparentava mexer no celular, quando dois homens chegaram em um moto e o abordaram.

A ação durou poucos segundos. Antes mesmo de a pessoa que estava na garupa descer da moto, o ciclista caiu no chão. O homem ainda revistou a vítima, e depois subiu na moto e fugiu.

No dia 14 de janeiro, um delegado da Polícia Civil foi morto enquanto caminhava na rua Amaro Guerra, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.

Imagens de câmeras de segurança mostraram que o policial Josenildo Belarmino de Moura Júnior, 32, andava pela rua quando um motociclista, que havia estacionado ao lado de uma caçamba, vai até ele e aponta uma arma.

Em seguida, ele parece tomar a arma do policial e dispara contra o agente, que tenta correr, mas é atingido e cai na rua poucos metros depois da caçamba, ao lado de um carro estacionado. Segundos depois, ele fica imóvel.

No último dia 6, um homem de 40 anos foi baleado durante uma tentativa de assalto em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ele foi socorrido e levado ao Hospital das Clínicas.

O crime aconteceu na rua Capote Valente, por volta das 20h. De acordo com o relato da vítima à Polícia Militar, que atendeu a ocorrência, ele foi abordado por um homem armado em uma moto. Ela reagiu e começou uma briga física com o criminoso, que atirou.

Dados oficiais do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) mostram que houve aumento de roubos ao longo de 2024 em 16 distritos da capital paulista, a maioria na zona oeste da cidade. A redução no geral foi de 13,6%, com 115.172 roubos na capital no passado, contra 133.324 contados em 2023.

Restrições na rotina e mudanças drásticas de vida são relatos comuns de vítimas de assaltos violentos, em que há agressão e disparos de arma de fogo.

É o caso de um casal de moradores do bairro Vila Nova Conceição, na zona oeste. Eles voltavam a pé de um jantar a quatro quadras de distância de casa quando foram interpelados por dois assaltantes em uma motocicleta, exigindo seus celulares.

As vítimas lembram que era uma noite quente de agosto passado, e ainda havia bastante movimento na rua, quando foram alvos de quatro tiros em uma ação que durou 32 segundos.

O marido foi atingido no peito, e a mulher, na perna. Os bandidos foram embora sem levar nada.

Agora, eles estão de mudança para a Europa, plano que já estava no radar da família, mas foi acelerado diante do medo rotineiro que se traduziu em saídas esporádicas de casa e instalação de sensor de movimento nas portas e janelas.


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14/03/2025

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