Marcelaine: Juiz quer diligências e acareações antes decisão sobre júri
Nesta sexta, em juízo, Marcelaine continuou a negar envolvimento na trama, enquanto os demais acusados alegaram que foram torturados pela polícia para admitirem participação
O juiz de direito, Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, deferiu a realização de mais diligências, inclusive acareações, no caso envolvendo a empresária Marcelaine dos Santos Schumann. A audiência de instrução, interrogatório e julgamento começou por volta das 9h e terminou apenas às 21h de sexta-feira (6), no Fórum Henoch Reis, em Manaus. A decisão se o caso será julgado por um tribunal do Júri só será definida após estas diligências.
Segundo o Ministério Público, Marcelaine é apontada como autora intelectual do crime de tentativa de homicídio contra Denise de Almeida Silva, em 12 de novembro do ano passado. Ainda conforme o MP, a pedido de Marcelaine, Charles MacDonald Lopes Castelo Branco contratou Rafael Leal dos Santos para executar o serviço. Rafael conseguiu a arma com o auxílio de Karen Arévalo Marques, segundo a investigação.
Em depoimento à polícia, todos os réus, com exceção de Marcelaine, confessaram o crime. Na sexta-feira, em juízo, Marcelaine continuou a negar envolvimento na trama, enquanto os demais acusados alegaram que foram torturados pela polícia para admitirem participação.
Juiz Mauro Antony autorizou diligências
“O processo não terminou, por isso ainda não se decidiu se os acusados vão ou não a Júri. Isso só será decidido por mim ao final da coleta de provas, apesar dos acusados já terem sido interrogados”, explicou Antony.
Karen Arévalo Marques está implicada no crime
“O Rafael, vulgo Salsicha, queria assumir a responsabilidade pelo crime. Mas a versão dele é contraditória em relação a versão do Charles. Eles estão acusando a polícia de terem confessado o crime sob tortura. Pedimos uma acareação entre eles e os delegados de polícia. É natural, é o papel da defesa duvidar da acusação. Com base tudo que está nos autos, nas provas, temos muitos elementos que todos eles devem ser julgados pelo crime”, assegurou o promotor do Ministério Público, Rogério Marques.
Falso testemunho leva amante à prisão
No início da tarde, o empresário Marcos Souto, uma das testemunhas, foi detido e levado à Delegacia de Homicídios sob o crime de falso testemunho. Segundo o Ministério Público, Marcos foi o pivô do triângulo amoroso que desencadeou a tentativa de homicídio contra Denise.
“As testemunhas que comparecem em juízo são obrigadas a dizer a verdade, sob pena de incidirem em falso testemunho, que é o que aconteceu com a testemunha Marcos. O depoimento dele teve muita contradição. O que ele falou na polícia, ele não repetiu aqui. As provas que foram obtidas, ele não confirmou. Fatos que já estavam confirmados. O Ministério Público requereu que ele fosse encaminhado até a delegacia por falso testemunho e eu deferi. Praticamente tudo que ele falou na delegacia, ele não confirmou”, revelou Mauro Antony. “Importante que se diga para as pessoas leigas, que não conhecem o processo penal, que os acusados têm o direito de mentir. Eles têm o direito de ficarem calados. O interrogatório é um meio de defesa. Já as testemunhas não”, completou o magistrado.
Já Rogério Marques ressaltou que Marcos Souto tentou proteger Marcelaine. “Ele deixou isso muito claro. Acabou que mesmo essa tentativa de proteger a Marcelaine se voltou contra ele. Não há motivo para que ele fizesse retratação do que ele falou na delegacia”, analisou Marques.
Foto mostra envolvimento amoroso
O promotor do MP apontou também que uma das provas apresentadas mostrava uma foto de Marcelaine dando um beijo na boca de Marcos, o que segundo o Ministério Público comprova o relacionamento amoroso. “A Marcelaine negou ter feito parte do triângulo amoroso, mas agora na audiência, quando confrontada com fotos de que ela estava junto do Marcos Souto, inclusive beijando o Marcos Souto na boca, tentou aliviar essa situação dizendo que a imagem era de muitos anos atrás. Que não significava que eles tinham uma relação”, relembrou o promotor. “Mas nós estamos convencidos de que todos eles são realmente culpados. Vamos insistir nisso até o julgamento”, prometeu.
ASSUNTOS: acareação, audiência, Marcelaine Schumann, Policial