Aos 27 anos, a gerente de marketing Adriana Martins Ferreira viveu uma experiência traumática que mudou sua vida para sempre. Em um intervalo de cinco dias, ela sofreu dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs), sendo o primeiro no dia da festa de aniversário de um ano de sua filha. Hoje, aos 33 anos, ela reflete sobre o que passou e compartilha sua história.

Adriana relembra que, na manhã do aniversário de sua filha, Analu, acordou com uma enxaqueca intensa, uma dor lancinante na parte superior da cabeça. "Nunca tinha sentido algo assim, era como se algo pontiagudo estivesse perfurando o meu crânio", recorda. 

Ela atribuiu o desconforto ao nervosismo e à expectativa pelo evento, além do estresse causado pelo processo judicial de guarda com o ex-marido. Apesar das dores, automedicou-se e foi à festa, mas a situação se agravou ao longo do dia. À noite, enquanto alimentava a filha, Adriana desmaiou, sendo encontrada caída no chão por sua avó, que a levou ao hospital.

Após o atendimento inicial, Adriana passou por uma tomografia do crânio, que não revelou alterações significativas. Os médicos a diagnosticaram com enxaqueca e, apesar das dificuldades motoras, recebeu alta com a recomendação de procurar um neurologista. 

No entanto, os sintomas persistiram. No dia seguinte, durante o trabalho, seu chefe notou que algo estava errado. Sua fala estava embolada, a visão permanecia turva, e a dor de cabeça continuava. Retornou ao hospital, onde exames mais detalhados revelaram a verdadeira causa de seu mal-estar: Adriana havia sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico.

"Os sintomas que tive no dia da festa, que foram tratados como enxaqueca, na verdade eram um AVC", explica Adriana. A descoberta a abalou profundamente. Internada na UTI, ela só pensava em sair para poder ver sua filha. Cinco dias após o primeiro AVC, veio o segundo, novamente de natureza isquêmica. Adriana descreve o momento como assustador: "Senti uma dor de cabeça muito forte, comecei a vomitar, e depois perdi completamente os movimentos do lado esquerdo do corpo e minha visão ficou embaçada".

Mesmo com extensas investigações, os médicos não conseguiram determinar a causa exata dos incidentes. Após a alta hospitalar, Adriana iniciou um intenso processo de reabilitação com neurologistas, fisioterapeutas e oftalmologistas, que durou seis meses. Embora tenha recuperado parcialmente suas funções, as sequelas permanecem. Ela perdeu 60% da visão do olho esquerdo e sente uma redução significativa da força no braço esquerdo, o que limita sua capacidade de realizar certas atividades cotidianas.