Ao PSDB, agência ofereceu 80 milhões de disparos ilegais pelo WhatsApp
SÃO PAULO - O consultor de marketing digital da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), Marcelo Vitorino, relatou ao GLOBO que participou de reunião em que uma empresa ofereceu ao partido a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp para até 80 milhões de pessoas, usando cadastro de terceiros, o que é proibido por lei.
A oferta do serviço, segundo ele, foi feita pelo presidente da empresa DOT Group, Luiz Alberto Ferla, num encontro na sede do PSDB em Brasília em 11 de julho, antes do início da campanha eleitoral. Segundo o PSDB, o serviço não foi contratado. A DOT Group nega que tenha oferecido o disparo de mensagens usando um cadastro de eleitores que não fosse o do partido.
A reunião era com o PSDB Mulher, presidido pela ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius. Participaram também advogados, sócios do marqueteiro de Alckmin, Lula Guimarães, Vitorino, Yeda e assessores.
Na ocasião, o empresário, segundo Vitorino, fez uma apresentação sobre gestão de redes e falou sobre o uso do WhatsApp. Ele teria mostrado, num PowerPoint, números da base de dados que poderia ser usada no disparo em massa de mensagens para as candidatas do PSDB na eleição.
- Ele falou que tinha uma base de contatos de até 80 milhões de pessoas para a qual poderia fazer disparos - disse Vitorino.
A legislação eleitoral permite o envio de mensagens de WhatsApp por candidatos, mas somente para lista de contatos previamente cadastrados por eles ou partidos. É proibido o uso de cadastro de terceiros.
Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo”, publicada nesta quinta-feira, empresas pagaram até R$ 12 milhões para o envio em massa de mensagens contra o PT no segundo turno da eleição presidencial. A prática beneficiaria a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), embora as doações não tenham sido declaradas. A reportagem fez com que PT e PDT acionassem a Justiça para cobrar providências.
Vitorino disse que ponderou, na reunião que ocorreu com o PSDB Mulher, que se tratava de uma ilegalidade.
- Fiz duas perguntas para ele (representante da empresa) sobre a ilegalidade de usar base de terceiros e ele insistiu que não havia problema - disse o consultor.
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