Arthur diz ser prematuro falar em fim da pandemia e critica reabertura desorganizada do comércio
Manaus/AM - Em entrevista concedida para a rede Meio Norte do Piauí, nesta terça-feira (23), o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, voltou a criticar o retorno das atividades não essenciais. Arthur falou sobre a situação da cidade frente à pandemia e os estudos que apontam a possibilidade de um novo surto de Covid-19.
“Não fui favorável à reabertura e minha fala não é científica. Atualmente, estamos passando por uma fase favorável, com a redução da letalidade e de registro dos casos. Eu só sei dizer que a reabertura foi desorganizada, com as etapas confundidas. Tem muita gente na rua e sinto que é prematuro dizer que vai ter um novo pico e também abrir, do jeito que se abriu”, afirmou o prefeito. Segundo Arthur, os casos que estão sendo registrados atualmente na cidade têm apresentado quadros mais amenos que no início da pandemia e o número de mortes caiu significativamente.
Ele disse, ainda, que não se pode fazer, no Brasil, um isolamento social convincente, principalmente em função do comportamento do presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a pandemia e incentivou a ida das pessoas às ruas. Ele cita, também, que foram feitos poucos testes em Manaus para que se pudesse ter um quadro real da situação, culminando com a reabertura precipitada. “Eu considero que o melhor remédio para combater a Covid-19 é o isolamento social, o diagnóstico precoce e o tratamento imediato”, afirmou.
O prefeito foi questionado sobre a ajuda prestada ao município durante a pandemia, para fazer o diagnóstico e fazer o atendimento aos doentes. “O papel da prefeitura é fazer a Atenção Primária em Saúde, mas nós fomos além e entramos com o hospital de campanha, que deu bons resultados, com mais de 600 pessoas restabelecidas em, aproximadamente, dois meses. O governo federal auxiliou o governo do Estado que, com isso, saiu do sufoco que estava com o colapso dos hospitais”, disse o prefeito Arthur Neto. “Ajuda específica a Manaus foi tipo - para não dizer que não falei de flores - para não dizer que não fez nada”, ironizou.
Amazônia
“O Brasil é um país que não respeita seus indígenas, é visto no exterior como um país que estimula garimpagem e agronegócios na Amazônia, o que é uma temeridade, com efeitos catastróficos para a floresta e para os nossos rios”, afirmou Virgílio. “Minha ideia é trabalhar com dois doutores: o formado pela academia e o doutor índio, que conhece nossas florestas e biogenética como ninguém. Essa parceria é a chave para que possamos explorar nossas riquezas com lucidez e encontrar novos caminhos para a nossa economia”, continuou. “Isso a gente não vê. O que se vê é o registro de mortes de índios por Covid-19. Ontem foram mais de 300. A morte de cada um deles é a morte de nossa história”, lamentou.
Arthur voltou a falar sobre a necessidade de fazer chegar ao Conselho da Amazônia, coordenado pelo vice-presidente general Hamilton Mourão, a voz de representantes da região e de cientistas que levem conhecimento real da situação. O prefeito de Manaus ainda aguarda resposta do Ministério do Meio Ambiente quanto a sua participação no conselho.
Eleição
Ainda na entrevista, Arthur Virgílio Neto, que cumpre seu segundo mandato consecutivo como prefeito de Manaus, voltou a dizer que é contra a prorrogação de mandatos. “Meu último dia como prefeito é dia 31 de dezembro de 2020 e não abro mão disso”, defendeu. Ele ponderou, no entanto, que se houver mudança do calendário eleitoral, com o primeiro turno previsto para o dia 15 de novembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deveria rever os prazos de desincompatibilização de cargos públicos e o ajuste de todos os prazos do calendário à nova data.
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