Cientistas investigam origem de terremotos profundos ocorridos na Amazônia
Um estudo inédito com o objetivo de buscar identificar as causas de terremotos profundos – 550 a 659 quilômetros- na Amazônia Ocidental vai fazer a “Tomografia Sísmica na Amazônia Ocidental: Terremotos Profundos na Placa de Nazca”.
Para o trabalho, está sendo instalada uma rede sismográfica temporária visando coletar dados sismológicos e avaliar a estrutura profunda da região, nos municípios amazonenses onde serão instalados os equipamentos são Tabatinga, Eirunepé, Carauari, Tefé, Jutaí, Lábrea, Humaitá, Pauini e Tapuá, além de municípios do Acre, informou o portal Uol.
A região não está imune a terremotos de maior magnitude, como o registrado na Bolívia, em 1994, que atingiu 8,4 graus na escala Richter e foi percebido em algumas cidades do estado do Acre. No momento do tremor, houve pessoas sentindo movimentação de utensílios domésticos caindo no chão.
Há, por exemplo, o registro do dia 20 de janeiro deste ano do que foi considerado um dos maiores terremotos da história, com magnitude de 6,6 na escala Richter, ocorrido por volta das 18h30, cujo epicentro foi o município amazonense de Ipixuna, na fronteira com o Peru e perto do Vale do Javari.
Os efeitos não foram sentido pelos moradores do local porque, além de ter uma população pequena, com cerca de 30 mil habitantes, ocorreu a 614,5 quilômetros de profundidade, fato que reduziu o seu impacto na superfície, informou o sismólogo Diogo Coelho, do Observatório Nacional, ao portal Terra.
Rede
A rede que vai investigar esse fenômeno será formada por 20 sismógrafos, sendo 11 de banda larga do Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil (PEG-BR) sediado no Observatório Nacional, 5 da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), 3 do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e 1 da rede de monitoramento global (GSN).
O projeto terá financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e apoio financeiro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Tectônicos (INCT-ET).
O objetivo principal será ajudar as defesas civis a se prepararem para enfrentar os possíveis efeitos de terremotos expressivos, com a elaboração de planos de evacuação, estratégias de resposta e medidas de segurança com base nas informações sísmicas.
A atividade sísmica na região é intensa, segundo os pesquisadores, por conta da proximidade os Andes, onde há registros de colisão de placas tectônicas, causa de terremotos mais fortes. Entretanto, o mecanismo físico por trás da ocorrência desses terremotos profundos é diferente dos terremotos rasos, devido às condições de pressão e temperatura nessas profundidades.
Os pesquisadores destacam que a implantação da rede de estações sismográficas temporárias permitirá também ampliar a possibilidade de detecção de eventos na Amazônia Ocidental.
E afirmam a importância do envolvimento dos gestores públicos, como prefeitos, secretários de Defesa Civil e outros para a tomada de decisões informadas com base nos dados coletados e a implementação de políticas de prevenção e resposta.
Além disso, a conscientização pública será também fundamental para garantir que as comunidades estejam preparadas para lidar com esses eventos naturais, o que será feito através de palestras em escolas, universidades e instituições locais.
O projeto, considerado de alta complexidade logística, envolve cerca de 10 pesquisadores e 2 técnicos de até 8 instituições diferentes.
Tem a coordenação dos doutores Jordi Julià Casas (UFRN) e Antonio Romero da Costa Pinheiro (UFAC) e conta com a participação de doutores como Marcelo P. Rocha (UnB); Juraci Mário de Carvalho (UnB); Paulo Araujo de Azevedo (UFOPA); Marcelo Assumpção (USP); Prof. Dr. Rosana Maria do Nascimento Luz (UFRA); Waldemir Lima dos Santos (UFAC); Diogo Farrapo de Albuquerque (Braskem); Marcus Vinícius Ferreira (CPRM); Eduardo Alexandre Santos de Menezes (UFRN); Adriano Pereira Botelho (UnB).
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