Compartilhe este texto

Estudo mostra que desmatamento na Amazônia prejudica produção do agrícola no país

Por Portal Do Holanda

03/12/2024 17h22 — em
Amazonas


Foto: Divulgação

Cientistas brasileiros e holandeses concluíram que 80% da área coberta por lavouras e pastagens no Brasil depende das chuvas geradas pelas florestas mantidas de pé nas terras indígenas da Amazônia, depois de calcularem, pela primeira vez, quanta água circula nos “rios voadores” gerados nesses territórios e que caminho eles percorrem levando umidade para o resto do continente. 

O Paraná é o estado mais impactado por essas chuvas, isso porque 25% da precipitação no estado é oriunda das terras indígenas da Amazônia. O estudo está publicado com exclusividade pela Revista Piauí. O estudo foi publicado em nota técnica assinada por 10 autores.

As chuvas alcançam uma área que compreende 18 estados e o Distrito Federal e inclui trechos do Cerrado, do Pantanal, do Pampa e da Mata Atlântica. De acordo com o levantamento, os 9 estados mais beneficiados são responsáveis por 57% da renda do agronegócio brasileiro. 

Que as árvores da Amazônia lançam na atmosfera grandes quantidades de vapor d’água que são transportadas pelo vento a outras regiões já era uma informação conhecida da maioria dos estudiosos. Essa “chuva” irriga as terras agrícolas - daí a expressão “rios voadores”. 
}
Os cientistas agora avançaram calculando a contribuição específica das terras indígenas para a formação dessa massa úmida e mostraram o tamanho da dependência que o setor agropecuário tem da conservação, do cuidado e do manejo que as populações tradicionais dão à floresta, informou o hidrólogo Caio Mattos, que está fazendo pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e foi o primeiro autor do estudo. 

De acordo com Caio, a “conservação desses territórios não é pauta apenas dos povos indígenas, mas da sociedade e da economia brasileira”. 

Estados como o Acre e em Mato Grosso do Sul também têm índices de 20% de precipitação. Em pontos desses estados, até um terço das chuvas têm origem nos territórios indígenas. 

Para os cientistas, “o poder desse resultado é quantificar pela primeira vez dados que estavam disponíveis há muito tempo”, como explicou a coordenadora do estudo, a meteorologista Marina Hirota, também da UFSC. 

O alerta dos autores é que como a maior parte da produção agrícola no Brasil precisa de chuva para ser viável, a conclusão lógica é que o agronegócio vai perder dinheiro se o desmatamento aumentar e, consequentemente, houver redução dos rios voadores.

Para eles, está claro que o agro deve tornar-se o primeiro a defender a floresta em pé nas terras indígenas e em outras áreas da Amazônia e de outros biomas, isso porque é o setor responsável por quase 22% do PIB brasileiro deste ano e tem sido diretamente impactado pela crise climática.

Estatísticas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a.As áreas de agricultura que dependem da irrigação pela chuva tiveram um déficit hídrico médio de 37% entre 2013 e 2017, ou seja, o volume de chuva é 37% menor do que as lavouras precisavam para crescer em condições ideais. 

Para Caio Mattos, o aumento do desmatamento pode ser catastrófico para a segurança alimentar e econômica do país. Isso porque os setores do agronegócio tentam avançar sobre as terras indígenas e no Congresso, a bancada ruralista luta para impedir a demarcação de novos territórios e abrir os que já foram demarcados para a agropecuária, a mineração e outras atividades econômicas. 

“É como se serrassem o galho da árvore que sustenta eles próprios”, afirmam os cientistas, lembrando que os proprietários rurais estarão entre os maiores prejudicados com a diminuição das chuvas que ocorrerá se áreas florestais forem derrubadas.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Amazonas

+ Amazonas