IBGE: Amazonas abriga maior número de indígenas do país, maioria em Manaus
Manaus/AM - No Amazonas, 95,16% dos municípios (59 dos 62), abrigam 28,44% da população indígena do país, sendo a maior concentração regional, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta semana. A capital Manaus mantém-se como a cidade com maior população indígena do estado, refletindo outro dado importante da pesquisa: a maioria dos indígenas vive em áreas urbanas.
A maioria desses municípios registrou perdas percentuais de população indígena em áreas rurais, um fenômeno também observado em Roraima (11 dos 15 municípios) e no Acre (15 dos 22 municípios).
Em 2022, cerca de 53,97% (ou 914.746 pessoas) da população indígena residiam em áreas urbanas, enquanto 46,03% (ou 780.090 indígenas) moravam em áreas rurais. Já em 2010, os indígenas em áreas urbanas eram 324.834 (ou 36,22%) enquanto 572.083 (ou 63,78%) viviam em áreas rurais. De 2010 para 2022, a população indígena em áreas urbanas cresceu 181,6%, ou um ganho de mais 589.912 pessoas.
Como também já divulgado anteriormente pelo IBGE, o Amazonas lidera entre as unidades da federação com maior população indígena, concentrando 490.854 pessoas (28,98% do total no Brasil). Manaus é o município brasileiro com o maior número de habitantes indígenas, somando 71,7 mil, seguido por São Gabriel da Cachoeira (48,3 mil) e Tabatinga (34,5 mil).
Na Amazônia Legal, foram contabilizados 867.919 indígenas, representando 3,26% da população regional e mais da metade do total nacional. O censo revelou que 46,47% da população indígena da região vive em terras oficialmente delimitadas, como a Terra Indígena Évare I (AM), que em 2022 abrigava 20.177 indígenas. Esses dados reforçam a relevância do censo para garantir os direitos e a proteção das comunidades indígenas frente às ameaças constantes.
Apenas 59,24% dos domicílios de indígenas urbanos fora de terras indígenas contavam com saneamento adequado, e 13,33% enfrentavam acesso precário à água canalizada. O analfabetismo, embora tenha diminuído entre 2010 e 2022, permanece alto entre indígenas, sobretudo em áreas rurais, onde a taxa é de 20,80%.
Tendências nacionais
Em 2022, 53,97% dos indígenas viviam em áreas urbanas, um salto em relação ao Censo anterior, de 2010, quando essa proporção era de 36,22%. Esse crescimento urbano, de 181,6%, deve-se a fatores como melhorias na metodologia do Censo 2022. A população indígena total do país aumentou 88,96% no mesmo período, alcançando 1.694.836 pessoas. Goiás (95,52%), Rio de Janeiro (94,59%) e Distrito Federal (91,84%) destacaram-se pelos maiores percentuais de indígenas urbanos, enquanto Mato Grosso, Maranhão e Tocantins concentraram as maiores proporções em áreas rurais.
Ainda que o registro de nascimento para crianças indígenas tenha superado 90%, ele permanece inferior à média nacional. Por outro lado, as taxas de analfabetismo e as condições de saneamento básico entre indígenas evidenciam a persistência de desafios estruturais em todo o Brasil.
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